Comunicação Oral

03/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO1.3 - Tópicos na vacinação de Covid-19

47064 - A INSTRUMENTALIZAÇÃO DA CAMPANHA VACINAL DA COVID-19: GOVERNO FEDERAL E ENTIDADES NÃO GOVERNAMENTAIS
CAIO COSTA SANTOS - FIOCRUZ BAHIA, JÉSSICA GUANABARA FERNANDES - FIOCRUZ BAHIA, ANTONIO MARCOS PEREIRA BROTAS - FIOCRUZ BAHIA


Apresentação/Introdução
Em 11 de março de 2020, com o decreto de pandemia da Organização Mundial de Saúde (OMS) pelo surto de coronavírus, as formas como os indivíduos se relacionam com temas relacionados à saúde pública sofreram grandes impactos. Em um contexto de grande excesso dos tipos possíveis de informações disponíveis sobre um tema, fenômeno conceituado como “infodemia”, a probabilidade do público interagir com informações de procedência duvidosa se torna muito maior, criando assim um cenário favorável a disseminação de conteúdo que descredibiliza a ciência e as tecnologias da saúde, incluindo a vacina (OPAS, 2020).

Considerando que a adesão à vacinação infantil no Brasil vinha sofrendo quedas percentuais desde o final da última década, de acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), e o alerta da OMS sobre o crescimento da hesitação vacinal entre a população como uma das dez maiores ameaças à saúde, torna-se evidente a importância do reforço de estratégias que propagam informações sobre a imunização que estimulem a eficácia da vacinação para a sociedade. A disseminação de informações sobre os ciclos de vacinação e sua importância fazem parte da estratégia comunicacional de campanhas vacinais, eixo importante para o esclarecimento dos indivíduos e comunidades sobre a saúde pública, guiando assim as suas escolhas para o bem-estar individual e coletivo, de acordo com o pesquisador Teixeira (2004).

Objetivos
O estudo tem o objetivo de investigar e identificar os elementos da comunicação presentes nas campanhas de vacinação realizadas pelo governo federal, através do Ministério da Saúde, além das campanhas realizadas paralelamente por entidades e consórcios não-governamentais, entre 2020 a 2022, explorando e analisando os elementos audiovisuais e textuais presentes, assim como a mensagem disseminada para os indivíduos sobre a vacinação.

Metodologia
A pesquisa analisou a campanha do Ministério da Saúde e as seguintes campanhas de organizações da sociedade civil: "Vacina Sim", do Consórcio de dos veículos de imprensa (Estadão, Folha de São Paulo, Uol, TV Globo, Globonews, G1, O Globo, Extra); "Vacina Salva", iniciativa da Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap) em parceria com a Academia Nacional de Medicina (ANM), Academia Brasileira de Ciências (ABC), Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil (ACFB) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); e o Projeto Pela Reconquista das Altas Coberturas Vacinais, de Bio-Manguinhos/Fiocruz, Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

A análise dos vídeos e peças gráficas foi feita a partir da categorização dos elementos: estimulou a vacinação?; falou sobre a importância da vacina?; mencionou segurança e efetividade?; trouxe a vacina como crucial para a normalidade?; trouxe a vacina como importante para a economia?; Há personagem central na peça?

Resultados e discussão
A análise mostrou que os vídeos e peças gráficas da campanha do Ministério da Saúde não trouxeram os elementos que estimulou a vacinação; falou sobre a importância da vacina; mencionou segurança e efetividade e trouxe a vacina como crucial para a normalidade. Mesmo utilizando a imagem do Zé Gotinha na campanha, ainda assim houve situação em que cartazes com a imagem do personagem não mencionaram a vacina. A narrativa principal apresentada pelo governo foi a da vacina para a retomada da economia. Já as publicações das entidades da sociedade civil, a principal narrativa é da importância da vacina para a saúde da população, falando sobre eficácia e segurança. O estímulo à vacinação veio através da utilização de figuras públicas na campanha “Vacina Sim” e do resgate da relação dos brasileiros com a vacina na campanha “Vacina Salva”.

Conclusões/Considerações finais
A iniciativa das entidades não governamentais mostra o tamanho da falha na estratégia do governo federal. Enquanto as campanhas do Ministério da Saúde estavam voltadas para a questão econômica e não discutiam a importância da vacina para o controlar a situação, foram campanhas independentes que trouxeram as informações necessárias para a população, diante de tanta desinformação compartilhada nesse período.