47567 - A EXPERIÊNCIA PERIPATÉTICA EM SAÚDE MENTAL COLETIVA: DA SALA DE AULA PARA O TERRITÓRIO JULIA RAMIRES KRUGER - UNIFAFIRE, ANNA VITÓRIA FONTES SILVA - UNIFAFIRE, JÚLIA VASCONCELOS DE ARAÚJO - UNIFAFIRE, MARIA LUIZA SOUZA DOS SANTOS - UNIFAFIRE, CAROLINA VASCONCELOS SILVEIRA MACIEL - UNIFAFIRE, MARILYN DIONE DE SENA-LEAL - UNIFAFIRE
Contextualização A Reforma Sanitária e a Reforma Psiquiátrica se mostram como temas de extrema relevância acadêmica para os campos da saúde pública, e são objetos de estudo nas disciplinas de Saúde Coletiva e Clínica Psicossocial, ambas ministrados pela professora Marilyn Sena-Leal para estudantes de 7º e 8º períodos do curso de Psicologia, respectivamente. A experiência aqui relatada refere-se a uma vivência acadêmica proposta pela docente como uma atividade curricular abrangendo tais temáticas, aqui apresentados em um recorte da perspectiva de cinco (5) estudantes do Curso de Graduação em Psicologia do Centro Universitário Frassinetti do Recife (UNIFAFIRE).
Descrição A atividade se desenvolveu como um projeto de intervenção, que envolveu a exposição de quatro banners sobre aspectos da luta antimanicomial, considerando a saúde mental interssecionada com marcadores de raça, gênero, classe social, e sob uma perspectiva decolonial com os seguintes títulos: Atravessamentos de Gênero e Raça na Luta Antimanicomial; Nise e a Luta Antimanicomial; Luta Antimanicomial e Redemocratização do Brasil; Luta Antimanicomial nos Dias Atuais. Também foi realizada uma dramatização que buscou remontar, brevemente, a história da luta antimanicomial. Para tal, foi realizado um aprofundamento na literatura a respeito do tema, para que o roteiro fosse o mais fidedigno possível. Em tal intervenção, personagens como Nise da Silveira, David Capistrano e Franco Basaglia, ganharam vida. Ambas as atividades foram realizadas no pátio da instituição e abertas a toda comunidade acadêmica. Ao final da manhã, discentes e docentes caminharam rumo ao “Passeato”, ato realizado anualmente com concentração na Praça do Derby e andanças pela cidade do Recife, em defesa da luta antimanicomial.
Período de Realização As atividades foram propostas e elaboradas entre os meses de Abril e Maio de 2023, cuja culminância aconteceu com a dramatização e exposição dos banners nos corredores e no pátio da Instituição, em 18 de maio, Dia Nacional da Luta Antimanicomial.
Objetivos Promover o protagonismo de estudantes no processo de ensino-aprendizagem, visando trazer reflexões acerca da Reforma Psiquiátrica. Além de instigar a compreensão da dimensão psicossocial dos cuidados em saúde mental sob a perspectiva antimanicomial; apropriação dos conteúdos ao fazer pesquisas e produzir materiais acadêmicos como banners, utilizando-se também de outras linguagens como recursos expressivos artísticos; lançar holofotes para o tema, expondo para toda a comunidade acadêmica a importância desses movimentos para a saúde coletiva com um todo.
Resultados O dia da intervenção, além de contar com a participação de estudantes que atuaram nela, atraiu outros discentes da instituição, bem como docentes. A dramatização mobilizou reações diversas do público, que assistiu em silêncio e com olhares atentos, causando comoção e até lágrimas. Os banners, por sua vez, ficaram expostos durante todo o dia para quem quisesse olhar. O envolvimento no tema, que a princípio era só de um punhado de estudantes, se multiplicou, atravessando os muros da instituição.
Aprendizados A vivência de uma pandemia em paralelo com o curso nos afastou de possibilidades de entender mais sobre uma clínica ampliada, do campo da experiência, de uma "educação peripatética", que vai nos espaços e se implica com o tema de outra maneira. Foi como "ir ao território", sair dos artigos e livros, implicar o corpo e se expor. Articular, participar, e o melhor, compartilhar com quem estava de "fora", mas que no dia do espetáculo foi convidado(a) a entrar. Sentimos que essa experiência materializou o que discutimos em sala, como a importância de sempre estar refletindo sobre os dispositivos de cuidado no SUS. A intervenção nos convocou para uma inclinação mais ativa e necessária em nossa jornada profissional, nos permitindo fazer articulações com outras disciplinas e refletindo sobre o fazer da psicologia no campo das intervenções psicossociais, dentro e fora dos consultórios.
Análise Crítica A experiência fez com que os discentes se implicassem com a clínica psicossocial inevitavelmente atravessada pela política. A intervenção suscitou reflexões de como uma aprendizagem ativa pode potencializar vivências, assim como o desenvolvimento acadêmico. Tal mobilização explicitou inclusive como ainda se reproduzem pensamentos manicomiais em nossa sociedade, reforçando a relevância de abordarmos pautas de Direitos Humanos no curso de Psicologia. Também impactou corpos e subjetividades dos participantes, culminando com o contato estabelecido com usuários de diversos dispositivos de saúde mental da cidade (CAPS e demais instituições), produzindo mudanças significativas na forma de produzir um cuidado em saúde mental multidisciplinar, dialogando com o campo da saúde coletiva.
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