03/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC32.6 - Boas práticas em saúde mental |
47387 - INCLUSÃO SOCIAL E SAÚDE MENTAL: OFICINA DE AMBIENTE VIRTUAL NA REDE GERAR CHAIANE DOS SANTOS - UFBA, MÔNICA DE OLIVEIRA NUNES DE TORRENTÉ - UFBA
Contextualização Nos anos 70 a saúde mental brasileira inicia seu processo histórico em busca de uma sociedade sem manicômios compreendendo a necessidade de melhores práticas e assistência aos usuários de saúde mental. A Reforma Psiquiátrica Brasileira, consolidada pela Lei nº 10.216 de 2011 que versa sobre a proteção e direitos das usuárias e usuários de saúde mental e redireciona o modelo assistencial para um modelo do cuidado no território. Nessa perspectiva, a desinstitucionalização se torna um dos principais aspectos norteadores de práticas, visando não somente desinstitucionalizar das instituições totais, mas realizar a inclusão social das usuárias e usuários da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) nos diversos âmbitos da sociedade. A economia solidária emerge como forma de promover a inclusão social pelo trabalho de modo a zelar pelo bem-estar na produção coletiva e na expressão artístico-cultural articulada ao território. A Reforma Psiquiátrica Brasileira e os preceitos da economia solidária se encontram na busca por uma sociedade equânime, justa e solidária, visando combater a desigualdade social e econômica. A partir de 2014 a Rede Gerar de Economia Solidária e Saúde Mental surge dessa potência, iniciando suas atividades como um projeto de extensão da Universidade Federal da Bahia, localizada em Salvador/BA. A Rede Gerar desenvolveu ao longo de sua história as mais diversas frentes de atuação, dentre as quais destaca-se a reunião de iniciativas de geração de renda da RAPS de Salvador, elaboração de oficinas formativas, atividades culturais e promoção de espaço dialógico para militância antimanicomial. Durante a pandemia da covid-19, a Rede Gerar criou o Gerar Virtual, oficinas formativas realizadas a distância com vídeoaulas semanais. As oficinas foram desenvolvidas com base nas já realizadas na casa e que tinham a possibilidade de serem realizadas em qualquer ambiente, bem como oficinas de demandas emergentes. Percebendo a necessidade de ampliação do acesso ao meio digital pelas usuárias e usuários da RAPS uma das oficinas criadas foi a Oficina de Ambiente Virtual. A Oficina de Ambiente Virtual tinha como propósito desenvolver ou aprimorar a prática com ferramentas digitais, compreendendo a necessidade de socialização e participação ativa dos educandos em espaços de diálogos.
Descrição A Oficina de Ambiente Virtual foi criada e discutida em uma equipe multiprofissional da área da saúde e das artes, junto aos monitores usuários e usuárias da RAPS. Foram realizados sete encontros com as temáticas: Whatsapp, Zoom, Facebook e Instagram. As atividades desenvolvidas semanalmente consistiam em assistir uma vídeoaula, promover a discussão através de grupo e uma aula virtual para acolhimento e diálogo sobre as dificuldades, estratégias e dúvidas. A oficina contou com dezoito educandos e educandas usuários da Rede de Atenção Psicossocial de Salvador/BA que por meio de um processo de ensino/aprendizagem crítico puderam de forma mútua desenvolver habilidades para utilização de meios de comunicação virtual.
Período de Realização Fevereiro a março de 2021.
Objetivos A Oficina de Ambiente Virtual ofertada no período de pandemia da covid-19 teve-se como intuito integrar os usuários e usuárias de saúde mental ao meio digital através de aplicativos de comunicação virtual.
Resultados Através de uma avaliação realizada com os educandos sobre as atividades, foi possível identificar a importância da oficina para os usuários e usuárias, no que tange o momento de isolamento social, tendo em vista que as mídias digitais se tornaram uma importante fonte de comunicação entre as pessoas. Sendo assim, a oficina trouxe impacto no processo de cuidado, saúde e emancipação.
Aprendizados A pandemia da covid-19 impactou das mais diversas formas os usuários de saúde mental. Considerando este contexto onde a grande parte das interações e participação social passaram a ser desenvolvidas pelo meio virtual, destaca-se a segregação digital a que os educandos da oficina estão sujeitos. A oficina desenvolvida produziu possibilidades, possibilidades de se fazer presente, de interagir, de ver colegas e familiares, de se fazer presente no mundo em um contexto complexo e difícil. Ressalta-se a colaboração mútua e o processo emancipatório desenvolvidos na oficina, por meio de formas de utilizar os aplicativos e de ajuda mútua que se desenvolveu, enfatizando a importância da inclusão digital de usuários e usuárias de saúde mental.
Análise Crítica Muito embora a oficina tenha desenvolvido habilidades no manuseio de ferramentas digitais, foi possível avaliar que o vínculo estabelecido entre os educandos, bem como o processo de ensino/aprendizagem coletivo foram essenciais. Ainda que a avaliação dos educandos tenha sido positiva, é possível observar a fragilidade das políticas públicas que garantem a inclusão social e os obstáculos de acesso nos mais diversos contextos para usuárias e usuários de saúde mental.
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