03/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC32.6 - Boas práticas em saúde mental |
46340 - GESTÃO AUTÔNOMA DA MEDICAÇÃO EM PROCESSOS INTERSUBJETIVOS PARA A EMANCIPAÇÃO NO CUIDADO QUE LIBERTA JACKELINE KÉROLLEN DUARTE DE SALES - UFPE, JESSICA LIMA DE OLIVEIRA - USP, SAIANE SILVA LINS - SMS CRATO-CE, VANINA TEREZA BARBOSA LOPES DA SILVA - SMS ITAPIPOCA-CE, GLAUBERTO DA SILVA QUIRINO - URCA, ANTONIO GERMANE ALVES PINTO - URCA
Apresentação/Introdução A estratégia da Gestão Autônoma da Medicação (GAM) promove a grupalidade nos serviços de atenção psicossocial mediada pelo guia GAM. Destaca-se no campo da reforma psiquiátrica como uma metodologia promissora, orientada para lidar com a questão do uso crônico de medicamentos. Dispositivo que gera e produz autonomia de sujeitos para com o seu próprio cuidado.
Objetivos Refletir sobre os processos subjetivos que transcorreram na experimentação do dispositivo GAM no estado do Ceará.
Metodologia Pesquisa intervenção participativa com a GAM, que desenvolveu a partir dos movimentos de planejamento, implantação e execução processos coletivos grupais, enquanto espaços de expressão e cogestão para discutir e dialogar sobre medicação, saúde, doença, qualidade de vida e bem viver. Desenvolvidos com usuários dos serviços do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Adulto da cidade de Itapipoca-CE e do CAPS Álcool e Drogas (CAPS-AD) de Iguatu-CE. Atualmente a pesquisa encontra-se no movimento de avaliação dos efeitos e implicações.
Resultados e discussão O processo de diálogo interventivo proposto, conduz e valoriza a história de vida dos participantes, propõe nova atitude do sujeito diante do seu cuidado. Nesse espaço, desprende-se de preconceitos e encontram-se profissionais e usuários ocupando o mesmo assento de voz. As discussões perpassam do usuário pelo “Porquê? Para quê? O que?” dando significado aos fazeres terapêutico, e pelo profissional que desperta para existência de um usuário enquanto sujeito singular e autônomo. A medicação passa a ser compreendida e reconhecida sob seus múltiplos significados entre profissionais-usuários. A escuta ativa alcançada fortalece o vínculo e melhora a compreensão, escolha e adesão das condutas terapêuticas que transcendem da doença mental medicalizada para o bem viver. Há uma implicação dos usuários no cuidado de si em função do seu tratamento, bem como de outros aspectos de saúde que produzem a qualidade de vida. Essa conjuntura orienta uma autonomia consciente que liberta. Na qual os usuários passam a desempenhar um papel ativo em seu tratamento, que vai além para o bem viver e bem-estar. Neste eixo emerge a cogestão do cuidado, na qual o usuário é posto no lugar de empowerment, e ciente do seu papel enquanto condição sine qua non para a melhoria da sua saúde. Produz-se um respeito à dignidade da pessoa humana, resguardado pelos direitos dos usuários dos serviços de saúde, que também é pautado e discutido. Nesse contexto os profissionais ofertam suporte para que os usuários tomem suas próprias decisões, apontando possibilidades.
Conclusões/Considerações finais Denota-se movimentos de ressignificação entre usuários e profissionais, que transpassam pelo entendimento do sujeito com uma história e experiências de vida, pelo âmbito terapêutico que envolve o medicar e todos os aspectos pertinentes que vão desde a escolha até o uso, pelo cuidado cogestivo e pelo usuário enquanto sujeito de direito. A valorização do sujeito singular, da autonomia e da liberdade figura-se como pressuposto para a construção de estratégias interventivas de cuidado em saúde que emergem para uma transformação social.
|