46516 - RELATO DE EXPERIÊNCIA: ENCHENTES NO MUNICÍPIO DE RIO DO SUL, 2020 E ATENÇÃO À SAÚDE MENTAL MARIA MUNIZ DA COSTA - CENTRO UNIVERSITÁRIO PARA O DESENVOLVIMENTO DO ALTO VALE DO ITAJAÍ, MICHELA DA ROCHA IOP - CENTRO UNIVERSITÁRIO PARA O DESENVOLVIMENTO DO ALTO VALE DO ITAJAÍ, MÔNICA MACHADO CUNHA E MELLO - CENTRO UNIVERSITÁRIO PARA O DESENVOLVIMENTO DO ALTO VALE DO ITAJAÍ, MARIA MUNIZ DA COSTA - CENTRO UNIVERSITÁRIO PARA O DESENVOLVIMENTO DO ALTO VALE DO ITAJAÍ, MICHELA DA ROCHA IOP - CENTRO UNIVERSITÁRIO PARA O DESENVOLVIMENTO DO ALTO VALE DO ITAJAÍ, MÔNICA MACHADO CUNHA E MELLO - CENTRO UNIVERSITÁRIO PARA O DESENVOLVIMENTO DO ALTO VALE DO ITAJAÍ
Contextualização A Política Nacional de Proteção e Defesa Civil tem em suas diretrizes a redução e apoio a comunidades atingidas por desastres, pois compreende que é dever do Estado adotar as medidas necessárias para redução de risco de desastres. Rio do Sul, cidade localizada no Alto Vale do Itajaí é referência para demais municípios, sendo sede de uma Coordenadoria Regional de Defesa Civil. Rio do Sul, devido ao seu histórico de enchentes, configura como cidade resiliente, aquela que, por estar em risco potencial de desastre natural, tem de desenvolver capacidade de resistir, absorver e se recuperar de desastres naturais. Essa característica se dá ao fato de no centro da cidade acontecer a confluência de dois rios, o Itajaí do Oeste e Itajaí do Sul, formando o Itajaí-Açu que irá desaguar no município de Itajaí no litoral norte catarinense.
Descrição Em dezembro de 2020 aconteceu um dos maiores desastres da região do Alto Vale do Rio Itajaí em Santa Catarina, o qual atingiu as cidades de Ibirama, Rio do Sul e principalmente Presidente Getúlio. Uma enxurrada devastou as cidades, destruiu casas, comércios, empresas, e o mais trágico, a vida de 21 pessoas que não sobreviveram. No momento a estudante fazia parte de um grupo de whatsapp da região em que psicólogos/as trocam experiências e indicações profissionais. Uma das psicólogas que atuava diretamente de forma voluntária com os desabrigados e atingidos diretamente pelas enchentes convidou os/as demais profissionais para auxiliar no apoio à saúde mental e acolhimento das vítimas de desastres. Observou-se que a mobilização desses profissionais não foi muito aderida por muitos destes não se considerarem capacitados para esse tipo de atendimento e acolhimento, uma vez que alguns/mas colegas demonstraram essa preocupação ao comentar entre si o chamado para atuação voluntária. A estudante também foi impedida de atuar ativamente no acolhimento dessas vítimas por não ter meio de transporte para chegar até o local onde as vítimas do desastre estavam sendo direcionadas.
Período de Realização Mês de dezembro de 2020, sendo que as chuvas que causaram o desastre aconteceram entre os dias 16 e 17 de dezembro de 2020.
Objetivos Relatar a experiência de uma acadêmica do curso de graduação em psicologia, natural e residente de Rio do Sul, frente a mobilização realizada entre profissionais psicólogos/as para atuarem com a população atingida pelo desastre que aconteceu no Alto Vale do Itajaí em dezembro de 2020.
Resultados A mobilização das pessoas frente ao desastre de dezembro de 2020 ocorreu pela organização civil, principalmente no que se refere ao acolhimento em saúde mental. Um grupo de whatsapp criado para fins que não políticos-sociais foi utilizado para recrutamento de psicólogos voluntários para atuar com as vítimas do desastre. Sabe-se que houveram psicólogos/as que atuaram de forma voluntária e que o trabalho desenvolvido foi importante para a comunidade. Assim, observou-se o papel secundário que a psicologia se encontra ao atuar nos desastres naturais do Alto Vale do Itajaí, uma vez que não foi uma iniciativa do Estado em coordenar e recrutar a atuação de psicólogos/as nesses eventos. Se faz importante notar que a experiência de cada desastre é revivida para quem já é morador antigo na cidade. A mobilização social é comum em Rio do Sul, pois os nativos têm todos, conhecidos, familiares que já foram atingidos, por um desastre. O avô da acadêmica já passou por mais de um desastre, em que perdeu muitos bens materiais sendo que, a cada nova enchente, fica apreensivo sobre a gravidade que ela irá apresentar.
Aprendizados A experiência mostrou uma deficiência da articulação entre o SUS, a atenção primária à saúde no que se refere ao acolhimento da população atingida, demonstrando um despreparo do Estado frente a saúde mental da população atingida pelas enchentes.
Análise Crítica A psicologia pode contribuir na prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação dos desastres, além de atuar diretamente para efetivar o princípio da integralidade seja em relação ao indivíduo, à comunidade ou à cidade atingida. Há anos a região catarinense do Alto Vale do Itajaí lida com diversas situações de calamidade derivadas das cheias, as quais acontecem anualmente com intensidades diferentes e que afetam a população de várias formas possíveis. No que se refere à atenção primária à saúde, observa-se que esta tem pouca participação para contribuir na resiliência frente a um desastre, mesmo sendo uma potente ferramenta para conscientização e capacitação da população de como se organizar e atuar quando da ocorrência das cheias recorrentes na região. Além disso, a região é conhecida como a “capital das oportunidades” no interior de Santa Catarina, e atrai muitos residentes novos em busca de novas oportunidades, mas que desconhecem o histórico de desastres, e ficam sujeitos a maior vulnerabilidade frente a um desastre.
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