03/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC25.5 - Usuários, gestão do cuidado e vulnerabilidade |
46300 - QUALIFICAÇÃO DA ALTA HOSPITALAR E A CONSTRUÇÃO DE ESPAÇOS COLETIVOS DE CUIDADO: A DIMENSÃO POLÍTICA DO SERVIÇO SOCIAL ADRIANA MOTA GUSMÃO DA SILVA - PUC SP
Apresentação/Introdução A Alta Hospitalar Qualificada – AHQ vai além de desospitalizar, visa preparar usuários e famílias cuidadoras desde a admissão, contando com um plano terapêutico singular para cada caso, que deve se basear nas avaliações e as necessidades. O cuidado integral em saúde deve levar em consideração as dimensões de análise: acesso aos serviços, acolhimento, vínculo, linhas de cuidado, responsabilização, intersetorialidade e trabalho em equipe. E sempre atrelado aos princípios do SUS: integralidade, equidade, universalidade e participação. Porém, o Estado não está preparado para lidar com AHQ. Políticas públicas não são efetivas, poucas vagas públicas que absorvam as demandas, grandes filas para programas de atenção domiciliar e as condições familiares são diversas: idosos cuidando de idosos, famílias sem condições para o cuidado, famílias reduzidas, vínculos rompidos, conflitos, entre outras. A dimensão política do Serviço Social revela a importância de fortalecer interesses públicos coletivos, através de uma prática que fortaleça a busca pela construção de uma nova hegemonia, fortalecendo espaços coletivos, através do pensamento Gramisciano. A pergunta central é: qual cuidado tem sido ofertado nos processos de desospitalização, onde estão os espaços de construção de uma nova sociabilidade e de hegemonia, pensando no contexto atual das políticas públicas? Outras questões correlatas: Conseguimos ouvir o que nos dizem, ou só cumprimos protocolos pré-definidos? Conseguimos construir um PTS olhando as particularidades de cada um e em conjunto com os mesmos? Será que conseguimos enxergar a potência dos seus questionamentos ou apenas silenciamos as considerações? Onde estão os espaços coletivos e de diálogo? Pensamos no usuário como elemento fundamental no processo de gestão do cuidado? O Serviço Social consegue, nos processos de trabalho, exercer a sua dimensão política? O que particulariza o trabalho do assistente social nesse contexto? Em meio a que processos de produção de autonomia, de produção de saúde, afirmo minhas intervenções? Planejar a alta deve ser um trabalho compartilhado, organizado de acordo com as condições específicas de cada um, sendo uma ação que requer cuidado, envolvendo todos os profissionais e em toda a rede de atenção. A pesquisa vem de encontro com a necessidade de construção de espaços coletivos que envolvam usuários e famílias cuidadoras no processo de transição do cuidado de modo humanizado, respeitando suas necessidades e escolhas possíveis. Busca-se enfatizar a dimensão política do trabalho do assistente social na construção da hegemonia dos interesses dos usuários no contexto hospitalar e no território, visando estabelecer relações que podem ampliar a rede do cuidar.
Objetivos OBJETIVO GERAL: Analisar os processos de desospitalização, mapeando espaços coletivos de escuta, discussão e negociação, buscando enfatizar a dimensão política do trabalho do assistente social na construção de hegemonia dos interesses dos usuários e famílias cuidadoras. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Relacionar teoricamente os temas da AHQ, cuidado em saúde e a dimensão política do trabalho do assistente social à luz do pensamento Gramsciano; conhecer a percepção dos profissionais sobre AHQ, PTS, cuidado integral; entender que tipo de cuidado tem sido ofertado desde a entrada no hospital até o cuidado no território; analisar os espaços coletivos de escuta, discussão e negociação a partir dos objetivos dos mesmos; identificar as estratégias utilizadas pelo Serviço Social nos processos de trabalho visando a AHQ em um Hospital Universitário; dar visibilidade ao que particulariza o trabalho do assistente social nos processos de desospitalização e cuidado em saúde.
Metodologia Trata-se de uma pesquisa qualitativa que se iniciou com a pesquisa bibliográfica. Será realizada no Hospital Universitário da USP e nas unidades básicas de saúde ligadas à Supervisão Técnica de Saúde do Butantã - STS, após a aprovação nos devidos comitês de ética em pesquisa. Deseja-se mapear a rede de atenção à saúde do Butantã; mapear os espaços coletivos de participação. Pretende-se realizar a pesquisa com profissionais de saúde de equipes multiprofissionais através de grupos focais para a realização do método de cartografia social. Os métodos de narrativas e história oral também serão utilizados para pesquisa com usuários/famílias cuidadoras e com assistentes sociais. A análise será realizada pelo método de análise de conteúdo.
Resultados e discussão Esse resumo parte da pesquisa de doutorado, ainda em construção. A pesquisa de campo ainda não foi iniciada e por esse motivo não traz resultados.
Conclusões/Considerações finais A hipótese é que a qualidade da alta hospitalar impacta na continuidade do cuidado e os espaços coletivos legítimos têm a capacidade de produzir processos emancipatórios e de garantia de direitos, buscando uma nova sociabilidade. Parte-se do pressuposto que a dimensão política do trabalho do assistente social, nesse contexto de relações entre classes, seja o que media a construção de novas hegemonias.
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