46258 - A EDUCAÇÃO EM SAÚDE COMO FERRAMENTA PARA O EMPODERAMENTO DE CRIANÇAS LIVIA NEVES MASSON - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO USP, MARTA ANGÉLICA IOSSI SILVA - UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO USP, NATALIA FERNANDES - UNIVERSIDADE DO MINHO
Apresentação/Introdução A sociologia da infância concebe a infância para além da perspectiva biologista que a reduz a uma concepção de imaturidade, pouca capacidade e estagio intermediário de desenvolvimento humano, entende tais sujeitos como seres sociais e históricos dotados de capacidade de ação social (SARMENTO, 2013). Nesse sentido, a concepção de infância deve estar pautada por uma visão sistêmica, na qual o sujeito seja visto dentro de suas singularidades e interações com o contexto social (SILVA, 2011). A concepção ampliada do conceito saúde, é oposta ao enfoque médico de ausência de doenças, e entende saúde como o bem estar global dos sujeitos para exercerem um maior controle sobre sua vida, reduzindo os fatores vulnerabilizantes relacionados aos seus determinantes, favorecendo os que são protetores. Assim as questões de saúde também estão relacionadas ao desenvolvimento coletivo e integral, e à conquista de direitos, pois se referem a qualidade de vida e bem estar (AMARAL et al, 2021). O cenário social e econômico do Brasil nas últimas décadas passa por mudanças políticas e culturais que afetam a população, trazendo resultados significativos na qualidade de vida e bem-estar social. As iniquidades do poder possuem forças que reprimem os cidadãos, tornando-os enfraquecidos frente às decisões políticas, sociais e comunitárias nas quais estão envolvidos e coloca-os em situações de vulnerabilidade que podem afetar sua saúde, qualidade de vida e seus direitos. A vulnerabilidade das crianças aos agravos à saúde, bem como às questões econômicas e sociais nas esferas de educação, cultura, trabalho, justiça, esporte, lazer, dentre outros, determinam a necessidade de uma atenção mais específica e de esforços para ajudá-las em suas trajetórias, especialmente nos processos de proteção e na possibilidade de transformar as adversidades da vida por meio do empoderamento, visando a construção de novos conhecimentos e habilidades para lidar positivamente com a sua vulnerabilidade.
Objetivos Refletir acerca da educação em saúde como possível ferramenta para o empoderamento crianças e superação de vulnerabilidades, a partir da perspectiva crítica sobre o lugar da criança na sociedade.
Metodologia Este ensaio teórico reflexivo se pautou na pesquisa de cunho bibliográfico que buscou revisitar a literatura para as reflexões propostas.
Resultados e discussão Se considerarmos que as crianças são protagonistas de sua própria história, capazes de buscar respostas e soluções para o enfrentamento das vulnerabilidades que os afetam, podemos pressupor que, com tais habilidades, eles serão capazes de aguçar suas percepções e construírem caminhos de empoderamento. Barreto e Paula (2014), descrevem que o empoderamento está relacionado a um processo de evolução humana, alcançado pelos sujeitos por meio de ações que obtenham poder de transformar a realidade, de forma a proporcionar novas alternativas para a sua condição atual, possibilita refletir e entender o porquê da realidade se configurar da forma como se apresenta, cooperando para resultados individuais e coletivos. Feio (2015), acredita que a educação em saúde pode ser uma ferramenta para superar tal impotência, capacitar sujeitos e comunidades para assumirem maior controle dos fatores de sua vida e saúde, proporcionando um processo de reflexão e de discussão, tornando-os empoderados e protagonista de sua realidade. Esse processo inicia com o incentivo à reflexão crítica sobre a realidade, discutindo habilidades para trabalhar estratégias de educação em saúde, por meio de atividades que propiciem a conscientização e a participação. É fundamental que neste processo as crianças não sejam colocadas como meros objetos das práticas educativas desconsiderando seus saberes e competências sobre saúde, mas reconhecer que possuem representações construídas histórica e culturalmente sobre o processo saúde-doença, possuem capacidade de compreender as situações de risco as quais estão expostas, se posicionar e construir comportamentos saudáveis. As ações de educação em saúde devem ser produzidas pelas crianças, e não para as crianças, ouvir sua opinião, considerar suas questões e apoia-los na tomada de decisão, podem ser estratégias que garantam o empoderamento e a participação delas na construção do direito à saúde (GUIMARAES E LIMA, 2014). Assim, coloca-se a criança no lugar de sujeito, agente e produtora de conhecimentos, rompendo com as iniquidades do poder que os tornam enfraquecidos, os colocam em vulnerabilidade e em posição subjacentes aos adultos e suas escolhas (CORSARO, 2011).
Conclusões/Considerações finais Atividades de educação em saúde quando realizadas sob a concepção crítica de uma educação libertadora, que utilizem estratégias ativas, considerem os saberes, culturas, opiniões, e sejam construídas pelas crianças podem promover a formação de sujeitos reflexivos e contribuir para o desenvolvimento do empoderamento, fatores estes que superem vulnerabilidades e sejam propulsores de escolhas assertivas para uma melhor qualidade de vida, bem-estar e saúde.
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