48146 - ACESSO DE MIGRANTES E REFUGIADOS AO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM PROJETO DE EXTENSÃO GABRIELLA MOURAO CERQUEIRA FIGUEIREDO - UNIBH, NEOMA MENDES DE ASSIS - UNIBH E FASEH, CAMILA VIEIRA SOUSA - UNIBH E FASEH, DHARA VITÓRIA CÉSAR GARCIA - FASEH, BRENDA PARREIRA AYUB CALDEIRA - UNIBH, NÚNCIO ANTÔNIO ARAÚJO SÓL - FASEH, NATHAN MENDES SOUZA - UNIBH E UFMG
Contextualização A função social da escola médica se justifica pela missão da medicina e pelo conceito ampliado de saúde vigente. A Organização Mundial de Saúde, a Constituição Nacional e o Sistema Único de Saúde brasileiros reforçam o papel da determinação socioambiental da saúde e o papel das pessoas, famílias, comunidades, instituições e serviços no desenvolvimento inclusivo da sociedade. Assim, a transformação social precisa estar mais presente na formação médica.
O refúgio é um assunto inexplorado na área da saúde e nas escolas médicas, isso porque a maior parte dos profissionais em saúde apresenta empecilhos quanto ao entendimento, em todas as complexidades, do indivíduo refugiado. Tal contexto, indica uma falha na capacitação do saber médico ao atendimento às populações vulneráveis. O cenário mundial de conflitos armados e disputas políticas gera contextos de guerra insustentáveis para a vivência digna em diversos países, cuja população, sem a proteção do Estado, frequentemente é forçada a buscar refúgio em outros países, como o Brasil. Aqui, muitos refugiados não têm pleno acesso à saúde devido a dificuldades na adaptação cultural e linguística além da burocracia. Portanto, é urgente que a comunidade e as escolas médicas direcionem seus esforços para o cuidado e inclusão da população refugiada.
A partir da necessidade de expandir o acesso dos refugiados em saúde, o projeto Revolucionamed organizou uma ação extracurricular de educação em saúde junto a essa população, ampliando o conhecimento e envolvimento intercultural e social por parte de seus participantes. Isso supriu uma demanda de compreensão social praticamente inatingível de ser obtida somente através do arsenal teórico da graduação. Além da contribuição do projeto no desenvolvimento profissional dos estudantes, essa ação também ampliou o acesso aos cuidados e à informação por parte dos refugiados, uma vez que levou à mobilização de uma equipe multidisciplinar para se deslocar até o grupo e dialogar com eles, entendendo suas necessidades e trocando conhecimentos.
Descrição Acadêmicos de medicina em parceria com o IBCMED criaram o Revolucionamed para capacitar profissionais e acadêmicos para minimizar iniquidades e promover saúde. O projeto visa também complementar a formação profissional em áreas da saúde, expandindo-a além da grade curricular. Esse relato narra uma das ações do Revolucionamed, que contou com a parceria de serviço jesuítas para migrantes e refugiados; braço de migrantes da ONU(OIM), Secretaria Municipal de Saúde, Secretaria Municipal de Assistência Social e Secretaria Municipal de Direitos Humanos de Contagem, IBCMED, UniBH, Faseh, Inspiralli e SESC.
Período de Realização Do dia 5/05/2023 a 03/06/2023, realizamos um projeto de educação em saúde destinado para imigrantes refugiados que habitam o município de Contagem, Minas Gerais. Inicialmente, foram selecionados 4 monitores e 13 acadêmicos de medicina e psicologia, que se juntaram aos docentes em reuniões para capacitação e organização das atividades. Nos dividimos nos seguintes subgrupos: saúde da mulher, saúde da criança para as crianças, saúde das crianças para os pais e saúde mental e calendário nacional de vacinação (CNV).
Em 03/06 o Centro Social Urbano(CSU) de Contagem cedeu espaço para o evento, que foi dividido por áreas: auxílio com documentação empregatícia, ilhas para oficinas dos subgrupos citados previamente, explicações sobre o funcionamento e cobertura do SUS. Contamos com tradutores, refugiados do Haiti e Venezuela com domínio do português.
Objetivos Relatar a experiência da integração entre graduandos da área da saúde na ampliação do acesso ao Sistema Único de Saúde a migrantes e refugiados na cidade de Contagem (MG) em um projeto de extensão.
Resultados O projeto almejou atender 120 imigrantes refugiados haitianos e venezuelanos, mas diante de imprevistos, atingimos 18. Contudo, o espaço fornecido para realização da ação era aberto ao público, o que viabilizou o alcance de um público de 280 pessoas.
Aprendizados Os refugiados compartilharam conosco os sentimentos acerca da migração, com suas dificuldades e perspectivas, bem como o papel da solidariedade entre eles na adaptação. Assim, ficou evidente que a adaptação e uma vivência digna são favorecidas pela inclusão, respeito e integralidade. Já como maiores obstáculos para tal, destacam-se a impaciência e a incompatibilidade linguística. Ao compartilharem suas experiências conosco, os imigrantes nos proporcionaram um aprendizado e nos conduziram em uma reflexão muito mais ampla do que o conhecimento previsto pela grade curricular da medicina.
Análise Crítica Essa experiência nos transformou no âmbito pessoal e profissional, uma vez que a capacidade holística da medicina depende de um olhar resolutivo e integrativo ao contexto da comunidade.
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