46683 - CAPACITAÇÃO EM BIOSSEGURANÇA DE TRABALHADORES VULNERABILIZADOS NO ENFRENTAMENTO À PANDEMIA DA COVID-19: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA IOLANDA FERREIRA BARBOSA - UFMT, ALBA REGINA SILVA MEDEIROS - UFMT, ELISETE DUARTE - UFMT, NEUCIANI FERREIRA DA SILVA SOUSA - UFMT
Contextualização A pandemia da COVID-19 impôs desafios significativos à saúde pública, resultando em adoecimento da população e mortes. Além disso, no ambiente de trabalho, para a adequação das medidas de biossegurança tornou-se necessário considerar o processo de trabalho ao desenvolver e implementar as estratégias para enfrentá-la. A proteção e segurança à saúde do trabalhador no ambiente de trabalho é um direito fundamental, explicitado na Constituição Federal de 1988. Na prática, a proteção e prevenção aos riscos inerentes do/no trabalho devem a adoção principalmente das medidas de biossegurança pelos contratados e contratantes.
Descrição Trabalhadores terceirizados não suspenderam suas atividades em nenhuma fase da pandemia e já eram considerados vulnerabilizados devido a precarização do trabalho, desde sua formulação, antes mesmo da COVID-19. Enfrentaram a falta de equipamentos de proteção, vacinas, materiais adequados, usando transporte coletivo para o trabalho, bem como a falta de informação. Diante do cenário, a proposta emergiu como uma estratégia essencial para enfrentar os desafios, por meio da capacitação dos trabalhadores no ambiente de trabalho.
Período de Realização 2020 a 2022
Objetivos Relatar a experiência vivenciada em um projeto de extensão sobre capacitação, realizado na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), no período de 2020 a 2022 intitulado "Boas Práticas de Biossegurança e a Saúde do Trabalhador da Educação com o advento da COVID-19: como se proteger e conter a propagação?".
Resultados O projeto buscou fornecer suporte sobre as principais medidas de biossegurança a serem adotadas no cotidiano do trabalho e no retorno das atividades presenciais, abarcando aproximadamente 1.000 participantes dos três campi da instituição: Cuiabá, Sinop e Araguaia, do estado de Mato Grosso. Neste relato será apresentada apenas a experiência do campus de Cuiabá, em que o projeto contou com a participação de 05 docentes, 04 técnicos e 10 discentes, principalmente do Instituto de Saúde Coletiva. A autora principal deste relato, enquanto discente do Curso de Graduação em Saúde Coletiva, fez parte da equipe. O público-alvo das ações foram as equipes de limpeza, da área verde e conservação de patrimônio, vigilantes, porteiros, motoristas e alguns técnicos administrativos, totalizando 253 (94,0%) participantes na primeira etapa e 160 (42,4%) na segunda. As capacitações foram realizadas presencialmente, seguindo todos os protocolos de biossegurança. Na primeira etapa do projeto, em 2020, as ações foram realizadas por meio de aulas expositivas e dialogadas, videoaulas, rodas de conversa e atividades práticas, como a técnica de lavagem das mãos e o uso correto da máscara. Além disso, foi disponibilizada uma cartilha sobre as principais medidas de biossegurança, elaborada pela equipe do projeto. Os trabalhadores foram divididos em turmas e as atividades tiveram duração média de uma hora e meia. Em 2021 foi realizada outra etapa, com o propósito de reforçar as temáticas abordadas na primeira etapa e de esclarecer dúvidas, com o advento das vacinas para COVID-19. Os trabalhadores foram divididos em turmas e as atividades tiveram duração de uma hora. Ao final da atividade, 98,8% se mostraram satisfeitos com a ação.
Aprendizados Segundo os participantes e a percepção da autora, a capacitação realizada no ambiente de trabalho facilitou o aprendizado, estimulou o debate sobre a própria realidade e o comprometimento desses trabalhadores para a contenção do coronavírus. Permitiu ainda, uma aproximação com a prática, promovendo interações com as atividades desenvolvidas e a relação direta com os trabalhadores, proporcionando uma troca dinâmica de conhecimentos e uma escuta qualificada para a compreensão dos seus relatos e questionamentos. A troca de saberes enriqueceu a interpretação sobre os desafios da teoria e as demandas do trabalho, na aplicação das medidas de biossegurança.
Análise Crítica A abordagem revelou-se relevante para o processo de ensino-aprendizagem da discente, resultando na elaboração de um trabalho de conclusão de curso e despertando o desejo de futuras publicações. Adicionalmente, proporcionou uma análise crítica e reflexiva de todos os momentos vivenciados, estabelecendo uma conexão entre ensino, extensão e pesquisa. Um fator limitante percebido deste projeto foi a elevada rotatividade dos trabalhadores entre a primeira e a segunda etapa, o que confirma a fragilidade deste tipo de vínculo trabalhista e aponta para a necessidade de capacitações permanentes para este público. Por outro lado, observou-se que a inclusão dos terceirizados em projetos de extensão foi uma iniciativa pioneira na UFMT, proporcionando o aprendizado para uma categoria que historicamente vem sendo negligenciada. Os projetos de extensão podem proporcionar o aprendizado aos discentes e contribuir com os trabalhadores e a comunidade universitária no enfrentamento de diferentes problemas no trabalho e devem ser realizados de forma permanente por meio da curricularização.
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