Comunicação Oral Curta

03/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC13.3 - Experienciações em movimentos

45292 - PROPOSTA DE INTERVENÇÃO EM GRUPO COM CINESIOTERAPIA E EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE PARA O CUIDADO DE PESSOAS COM DOR CRÔNICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
MARIA SIMONE GOMES DE LIMA - RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM ATENÇÃO BÁSICA E SAÚDE DA FAMÍLIA DE JABOATÃO DOS GUARARAPES, PEDRO CARLOS SILVA DE AQUINO - RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM ATENÇÃO BÁSICA E SAÚDE DA FAMÍLIA DE JABOATÃO DOS GUARARAPES, CATARINA GUEDES CALHEIROS - RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM ATENÇÃO BÁSICA E SAÚDE DA FAMÍLIA DE JABOATÃO DOS GUARARAPES, CAROLINE GUIMARAES DAMASCENA - UFPE, DINALVA LACERDA CABRAL - UFPE


Contextualização
No Brasil, estima-se que entre 39-76% da população sofra com dor crônica. Considerada multifatorial, esta experiência sensitiva e emocional é única e complexa para cada ser, engloba aspectos biopsicossociais e está associada ao envelhecimento, indivíduos com menor escolaridade e renda, obesidade e presença de doenças crônicas não transmissíveis (KANEMATSU et al., 2022).
A maioria das pessoas com dores crônicas no Brasil acessa a Atenção Primária à Saúde (APS) devido à sobrecarga dos serviços especializados para resolver suas queixas, muitas vezes utilizando medicamentos para a cessação da dor. Diante disso, faz-se necessário abordar terapias não farmacológicas no manejo da dor crônica, com destaque para a importância do acompanhamento clínico multidisciplinar dessa condição (ZIEGLER; CABRERA., 2021).
Na APS, o fisioterapeuta pode contribuir com a integralidade do cuidado desses indivíduos com de ações de Educação Popular em Saúde (EPS) e Cinesioterapia, buscando prover informações sobre a condição de saúde e manejo clínico da dor, trabalhar a autoeficácia, compartilhar práticas de autocuidado, incentivar a corresponsabilização do usuário com sua saúde e propor exercícios que visam melhora da capacidade funcional. Tais atividades realizadas de forma coletiva podem otimizar o uso dos recursos e serviços de saúde, bem como potencializar o tempo dos profissionais, buscando acolher as necessidades e aumentar a rede de apoio dos participantes (ALVES et al., 2020; BRASIL, 2017; VIEIRA et al., 2022).

Descrição
Observou-se na APS alta solicitação de atendimentos clínicos individuais para condições crônicas, além da longa espera na regulação para fisioterapia no serviço especializado. Diante disso, surgiu grande inquietação da autora a fim de incorporar práticas de reabilitação para melhoria ou manutenção da capacidade funcional e qualidade de vida (QV) destes indivíduos. Assim, um grupo terapêutico é liderado pela pesquisadora com a proposta de oferecer ações de EPS e cinesioterapia aos participantes uma vez por semana, durante uma hora e meia, numa Unidade de Saúde da Família do município de Jaboatão dos Guararapes-PE.
As atividades de EPS têm como base o domínio www.pesquisaemdor.com.br, que foi desenvolvido por pesquisadores reconhecidos no estudo da dor, e a cinesioterapia foi sistematizada pela autora de forma a estimular a prática de exercícios domiciliares com uso de objetos como: almofada, toalha de banho, cabo de vassoura, entre outros. A comunicação se estende por grupo virtual no WhatsApp, no qual as temáticas são reforçadas com textos-resumo e a sequência de exercícios é relembrada e incentivada a partir dos registros em vídeo dos encontros.

Período de Realização
As práticas iniciaram-se em abril de 2023 e continuam até o presente momento. Além da fisioterapeuta, os encontros do grupo contam com a participação de profissionais colaboradores, como: psicólogo, profissional de educação física, nutricionista e terapeuta ocupacional, que são convidados a realizarem intervenções complementares à temática abordada.

Objetivos
Relatar uma intervenção terapêutica com cinesioterapia e EPS voltada para um grupo de usuários com queixas de dores crônicas na APS.

Resultados
Cerca de 20 pessoas participam do grupo e a maioria tem frequência regular nos encontros. Sob a perspectiva dos usuários, as vivências são importantes, uma vez que relatam aprender quais fatores podem influenciar suas dores e as estratégias para enfrentá-los. Ademais, observa-se usuários com maior mobilidade física e consciência corporal a partir dos exercícios executados regularmente.

Aprendizados
A experiência pode contribuir para trazer reflexões sobre a forma de cuidado ofertada na APS e seu impacto na QV das pessoas beneficiadas com a proposta, visto que corrobora com a visão holística pensada no agir do SUS em sua integralidade. Além de subsídios a serem compartilhados com outros profissionais de saúde, numa lógica de matriciamento e capilaridade para territórios com necessidades semelhantes.

Análise Crítica
Ao considerar a epidemiologia de pessoas que sofrem com dores crônicas no Brasil e que muitas delas dependem do SUS para terem acesso aos serviços de saúde, faz-se necessário planejar e executar melhores estratégias de saúde pública para prevenção, promoção, educação e acompanhamento clínico, sobretudo na APS.
Um dos principais objetivos das terapias empregadas para condições crônicas de saúde deveria ser estimular o autocuidado, acolhendo as necessidades de cada indivíduo, a fim de romper com os paradigmas do modelo biomédico e corresponsabilizá-lo sobre o seu estado de saúde, que não se resume em ir ao consultório médico e tomar remédios.
Esta proposta apresentou um recurso terapêutico não farmacológico, de baixo custo, com equipe multiprofissional e interdisciplinar de saúde. Representa uma experiência exitosa ao oferecer cuidado integral e longitudinal aos usuários com dores crônicas na APS, e destaca a importância para desenvolver ações de corresponsabilização entre profissionais e usuários como modelo de cuidado.