03/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC12.2 - Decolonizar teorias, práticas e saberes: Movimentos sociais e populares por Soberania Sanitária em territórios da América Latina e do Caribe |
48039 - DISPONIBILIDADE PARA APRENDIZAGEM INTERPROFISSIONAL DE EGRESSOS DO PROJETO DE VIVÊNCIAS E ESTÁGIOS NA REALIDADE DO SUS LUCAS DIAS SOARES MACHADO - UECE, ANA SUELEN PEDROZA CAVALCANTE - UECE, MIRNA NEYARA ALEXANDRE DE SÁ BARRETO MARINHO - UECE, JULIANA OLIVEIRA MOTA - UECE, ANA VITORIA LIMA DE MOURA - UECE, THAIS NASCIMENTO DA SILVA - UECE, MARIA EDUARDA OLIVEIRA PESSOA - UECE, MARIA ROCINEIDE FERREIRA DA SILVA - UECE
Apresentação/Introdução O Projeto de Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde (VER-SUS) consiste em um dispositivo estratégico para a reorientação da formação em saúde. Trata-se de um projeto que oportuniza vivências imersivas para estudantes de graduação das mais diferentes realidades no Sistema Único de Saúde, favorecendo a troca de saberes e a integração dos estudantes para a efetivação de uma aprendizagem interprofissional na realidade do serviço, tendo em vistas um atendimento qualificado às necessidades integrais dos usuários. Nesse sentido, o encontro entre núcleos profissionais distintos, alinhados sob a perspectiva de um campo de atuação comum, orientado pelos pilares da saúde coletiva, fomenta a colaboração interprofissional. Tecer reflexões sobre o estímulo a aprendizagem interprofissional nas ações do VER-SUS auxiliam na defesa deste projeto e implica no seu fortalecimento.
Objetivos Analisar a disponibilidade para aprendizagem interprofissional de egressos do Projeto de Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde (VER-SUS).
Metodologia Trata-se de um estudo transversal com abordagem quantitativa, realizado em todo o Brasil entre janeiro e agosto de 2022. Participaram do estudo 416 indivíduos que experienciaram o VERSUS durante a sua trajetória formativa-profissional. Os participantes foram convidados por meio de correio-eletrônico e/ou redes sociais, utilizando-se amostra intencional não-probabilística com técnica de captação do tipo snowball. A coleta de dados deu-se por meio de questionário eletrônico organizado no Google Forms contendo três blocos de itens: 1) questões sociodemográficas; 2) questões sobre a formação e vivência do VER-SUS; e 3) Escala de Disposição à Aprendizagem Interprofissional, do inglês Readiness Interprofessional Learning Scale (RIPLS). A RIPLS é composta por 26 itens que envolvem aspectos sobre o trabalho em equipe e colaboração, a identidade profissional e atenção centrada no paciente, em respostas de escala Likert de cinco pontos:discordo totalmente – concordo totalmente. Os escores variam de 26 a 130. Quanto maior, mais disponível à aprendizagem interprofissional é o indivíduo. Os dados foram organizados em planilhas do Excel 2016 e analisados mediante estatística descritiva, por meio de frequência absoluta e relativa, média e desvio padrão, e inferencial, por meio do teste de Kruskal-Wallis. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará sob parecer nº 4.736.161.
Resultados e discussão Os participantes apresentaram idade atual média de 29,53 anos (DP= 4,59, mínimo 23 e máximo 52 anos) e em sua maioria eram mulheres cis (64,9%; 270), de raça/cor branca (51%; 212) e renda de cinco salários-mínimos ou mais (31,3%; 130). Quanto a escolaridade própria, os participantes apresentaram, em sua maioria, pós-graduação completa (66,1%; 275), sendo a maioria do núcleo formativo da Enfermagem (28,8%; 120) e graduação cursada em instituição pública de ensino superior (65,9%; 274). Quanto a localidade de experiência do VERSUS a maior parte dos respondentes foram do Nordeste (52,6%; 219). Participaram ainda viventes do Sul (24%; 100), Sudeste (9,4%; 39), Norte (7,7%; 32) e Centro-Oeste (6,3%; 26). As dimensões da disponibilidade para a colaboração interprofissional podem ser classificadas, para fins de tomada de decisão, em zona de conforto, de alerta e de perigo. Na dimensão Trabalho em equipe e colaboração, 97,4% dos participantes apresentaram-se na zona de Conforto (405), seguidos por 2,6% que estão na zona de Alerta (11). Já na dimensão Identidade profissional, a maioria dos participantes encontram-se em zona de Alerta (74,8%; 311), seguidos de 8,2% (34) em zona de Perigo e 4,1% (17) na zona de Conforto. Por fim, na dimensão Atenção à saúde centrada no paciente, de modo semelhante a primeira dimensão, a maior parte dos participantes classificam-se na zona de Conforto (97,8%; 407) e na zona de alerta (2,2%, 09), respectivamente. na investigação das relações entre as dimensões da escala em questão e as características de participação no VER-SUS, identificou-se significância estatística entre modalidade de participação e a dimensão Identidade Profissional (p<0,05); entre a quantidade de edições que participou (p<0,05) e essa dimensão mencionada; e entre a região de vivência e a dimensão Trabalho em equipe e colaboração (p<0,05). Os indivíduos que participaram de uma única edição demonstraram maior escore de Identidade Profissional em relação aos que participaram de duas edições. Os participantes da região Nordeste apresentaram melhores escores de Trabalho em equipe e colaboração que os participantes da região Sul.
Conclusões/Considerações finais A maior parte dos egressos do VER-SUS demonstraram estar na zona de conforto de disposição à aprendizagem interprofissional, apontando o favorecimento deste projeto ao trabalho em equipe, a colaboração, identidade profissional e atenção à saúde centrada no paciente.
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