02/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC4.4 - Redes em saúde, coletivos e educação |
48202 - CONFIGURAÇÕES DAS REDES SOCIAIS DE APOIO NO INTERNAMENTO DE PACIENTES ACOMETIDOS POR COVID-19 NADJA FERREIRA DE JESUS - UFBA, EMILY LIMA CARVALHO - UFBA, HELLEN FERREIRA DA SILVA SANTOS - UFBA, MARCELO EDUARDO PFEIFFER CASTELLANOS - UFBA
Apresentação/Introdução No campo das interações sociais repousam as representações sobre a enfermidade: constructos da intersubjetividade. O entrelaçamento das relações sociais e as circunstâncias em que se desenvolvem, desenham redes sociais, que por sua vez dão forma às redes sociais de apoio. No que se refere ao adoecimento e à busca por ajuda, observa-se a interdependência das redes sociais de laços mais íntimos (parentes, amigos) - rede primária - com redes sociais que são formadas por instituições, profissionais de saúde e recursos de suporte à saúde - rede secundária. No entanto, as características dos laços estabelecidos das relações sociais e a finalidade com que se configuram na interação das redes primária e secundária, as redes sociais de apoio podem resultar em contribuições ou danos no cuidado em saúde e busca por ajuda. Considerando as mudanças que a pandemia de covid-19 causou nas rotinas de acompanhamento de tratamento de pessoas internadas e a alta carga de sofrimento psíquico envolvido, nessas situações, torna-se importante entender como se configuraram as redes sociais de apoio nesse contexto para contribuir com o enfrentamento de outras crises sanitárias e ampliar ações de acolhimento e a assistência humanizada nessas circunstâncias.
Objetivos Compreender como as redes de apoio social se delinearam na prestação do cuidado em saúde, a partir dos relatos de pacientes internados por covid-19.
Metodologia Foi realizada uma pesquisa qualitativa com pessoas internadas em um hospital de referência para o tratamento de Covid-19 na Bahia. Após aprovação em comitê de ética em pesquisa com seres humanos e concordância ao termo de consentimento livre e esclarecido, foram realizadas 14 entrevistas virtuais semi-estruturadas e transcritas na íntegra. Para análise dos dados foi empregada análise de conteúdo, onde foram definidas categorias centrais que emergiram dos relatos sobre a conformação das relações sociais e das redes sociais de apoio primárias e secundárias no contexto de internamento. Para interpretação dos dados, buscou-se analisar os cuidados de saúde de pacientes internados por covid-19, olhando para redes de relações sociais de apoio.
Resultados e discussão
Os pacientes de covid-19 que necessitarão de internamento hospitalar vivenciaram um intenso sofrimento psíquico diante da experiência de hospitalização. Um agravante, foi o isolamento imposto pelo quadro clínico que resultou em impossibilidade de visitas e acompanhantes durante este processo. Nesse contexto, os entrevistados descrevem que o rompimento da rede socioafetiva, os levou a angústia pela falta de informação sobre a condição de saúde de pessoas que fazem parte dessa rede. A instituição visando minorar os impactos do rompimento da rede, realizou relatórios periódicos sobre saúde dos pacientes. Esta ação foi percebida pelos usuários, como essencial para o bem estar.
Com a mudança de protocolo e liberação do uso de celular ou pelo remanejamento para salas com restrições menos rígidas, observou-se o papel essencial da rede de apoio primária mesmo este contato se restringindo ao meio virtual.
A relação construída entre usuários e profissionais de saúde, possibilitou uma redução do sofrimento sentido diante do contexto e teve enquanto via de suporte o uso das tecnologias pelos profissionais, seja no ato de segurar o tablet, em momentos burlando a restrição do uso de tecnologia, diante do reconhecimento da necessidade para aquele usuário. No entanto, há ambiguidade entre os relatos, onde há relações sociais que se caracterizaram em relações de acolhimento, contribuíram para redução da carga emocional, suprindo a necessidade de interações sociais. Já outros momentos denotam algum grau de fragilidade. Por exemplo, os pacientes relataram ouvir os profissionais falarem e em episódios específicos falarem sobre o estado de saúde de outros pacientes. Isso resultou em grandes desconfortos e contribuíram para maior sofrimento psíquico nos pacientes
Conclusões/Considerações finais A conjuntura da pandemia de covid-19 mostrou-se necessário medidas de controle de pandemia por covid-19 através do distanciamento social, com implantação de mudanças nos fluxos de cuidado, ressalta-se a essencialidade da busca de estratégias a manutenção de vínculos em rede de relações sociais pessoais e estímulos à interação social entre as rede secundária, construindo uma rede de apoio social que considere a concepção de cuidado integral do sujeito, contribuindo para redução de danos à saúde subjacentes ao tratamento restrito a enfermidade num olhar reducionista do cuidado.
Nesse contexto, o fortalecimento da compreensão sobre os danos e benefícios das redes sociais de apoio secundárias sobre o cuidado dos pacientes mostra-se fundamental, incentivando profissionais de saúde a avaliar suas interações sociais contínuas durante a oferta do cuidado, e o Estado e instituições prestadores de cuidado à saúde, construir ações ações em saúde sensíveis e pautadas no cuidado integral à saúde.
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