Comunicação Oral Curta

02/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC4.4 - Redes em saúde, coletivos e educação

46901 - CONDIÇÕES DE SAÚDE PERIODONTAL SEUS DETERMINANTES SOCIAIS EM SAÚDE E A CONSTRUÇÃO DE OFICINAS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE À COMUNIDADE QUILOMBOLA EM ABAETETUBA
ELISEU VINICIUS LIMA AUZIER - FATEFIG, AMUJACY TAVARES VILHENA - PPGSAS, UFPA, FATEFIG E SESPA., HILTON P. SILVA - PPGSAS, UFPA, CEAM E UNB., WANDA DO NASCIMENTO MEIRELES VILHENA - SLMANDIC, MARLENE RIBEIRO DE OLIVEIRA - FATEFIG, REGINA ANGÉLICA DE ARAÚJO TAVARES SILVA - FATEFIG


Apresentação/Introdução
As comunidades remanescentes quilombolas tem sua origem na história marcada pela fuga de escravos resistentes ao processo de escravidão. Essas comunidades ainda lutam contra as iniquidades sociais promovidas por seus determinantes sociais em saúde (DSS) que segundo a Comissão Nacional sobre os Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS) entende DSS como fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população. Atualmente, as comunidades de África e Laranjituba enfrentam a falta de assistência à saúde, tornando mais vulnerável aos agravos à saúde. Portanto, frente a esse cenário torna-se relevante conhecer a condição de saúde da comunidade.

Objetivos
Identificar as condições de saúde periodontal e como impactam os determinantes sociais de saúde na população adulta pertencente a comunidade quilombola de África e Laranjituba e preparar um projeto de cuidados e educação em saúde periodontal.

Metodologia
Trata-se de um estudo analítico e transversal de base populacional, os procedimentos metodológicos adotados nessa pesquisa são de caráter quantitativo, com utilização de dados primários e secundários. A pesquisa foi realizada com a participação de 80 adultos voluntários que assinaram o TCLE de pesquisa aprovado pelo comitê de ética. Foram utilizados questionários socioeconômicos e realizadas avaliações da condição periodontal através de exames clínicos. Na identificação socioeconômica foram realizadas visitas domiciliares e para avaliação da condição de saúde periodontal da população adulta a ferramenta utilizada para essa avaliação foi o índice periodontal comunitário (IPC), conforme os moldes do Projeto SB Brasil avaliando a condição periodontal quanto à higidez, presença de sangramento gengival, cálculo dentário e bolsa periodontal onde cada condição apresenta um código respectivo permitindo a identificação da prevalência de cada condição. Para o índice periodontal comunitário (IPC) foram realizados exames clínicos sob luz natural utilizando sonda periodontal milimetrada CPI OMS, espelho clínico e abaixador de língua de madeira. Foram excluídos os sextantes que não possuíam no mínimo 2 elementos funcionais, pacientes menores de 18 anos e pacientes que se recusaram a participar da pesquisa. Ao longo da pesquisa foram realizadas oficinas de educação em saúde para trabalhar os cuidados de saúde periodontal.

Resultados e discussão
Foram avaliados 80 pacientes, a raça preta alcançou 92,5%. Quanto ao nível de escolaridade tanto ensino fundamental incompleto quanto ensino médio completo representam 30%, observou-se que 41,25% possui remuneração de até meio salário mínimo, dos beneficiários de auxílios sociais 52,5% são do auxílio Brasil, a atividade econômica mais prevalente foi extrativismo com 68,8%. Ao todo 395 sextantes foram avaliados, com destaque para os dentes índice conforme indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Sangramento gengival alcançou 35% de prevalência nos sextantes (16/17) e (26/27), já cálculo apresentou prevalência para os sextantes (26/27) e (31) respectivamente 38,75% e 42,5%. A presença de bolsa periodontal, foi verificado maior prevalência no sextante (26/27) representando 15%. O sextante (11) apresentou maior saúde periodontal para os agravos avaliados obtendo 57,50%. Em números absolutos cálculo foi mais presente (n= 151 sextantes) seguido de sangramento (n= 140 sextantes) e bolsa periodontal (n= 57 sextantes). O IPC apontou que 70% (n= 56) dos pacientes apresentaram doença periodontal, podendo estar relacionada as iniquidades sociais, uma vez que, segundo Vettore, Marques e Peres (2013), as iniquidades sociais, aliadas a saúde bucal em vista do poder socioeconômico contribui para que as doenças periodontais sejam mais comuns em comunidades que apresentam desvantagens sociais, além de uma maior prevalência de doenças crônicas. Ao longo da pesquisa foram criadas ferramentas e tecnologias leves para educar e falar da importância dos cuidados de saúde periodontal haja vista que é uma das condições que leva a perda precoce de dentes. Oliveira e Caldeira (2016) afirmam que pertencentes a esses grupos de vulnerabilidades sociais, tem-se as comunidades quilombolas, visto que, destacam-se como decorrentes dos processos de exclusão social, sobretudo no cuidado e assistência à saúde. Além disso, os autores afirmam que o conhecimento desses aspectos pode proporcionar auxílio no processo de restauração do princípio de equidade aos povos quilombolas.

Conclusões/Considerações finais
A doença periodontal foi considerada alta (70%) e o agravo mais observado foi cálculo (n=151 sextantes) esses achados evidenciam a necessidade do acesso à serviços de saúde bucal. Além disso, os determinantes sociais de saúde como raça, condições de vida, trabalho e aspectos econômicos indicam a desvantagem social enfrentada por essas comunidades e os impactos na sua saúde. As tecnologias leves em educação transformam o usuário e motiva a adoção de hábitos saudáveis.