02/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC4.4 - Redes em saúde, coletivos e educação |
46666 - COLETIVOS EM MOVIMENTO: PRODUZINDO ENCONTROS, AMPLIANDO POTÊNCIA DE VIDA E SAÚDE ROSIANE DANTAS PACHECO - USP/UFS/MOPS, MARCO AKERMAN - USP
Apresentação/Introdução Entendemos por produção de saúde, a possibilidade de produzir vida e de criar condições para transformar a realidade, de maneira que as pessoas encontrem uma forma de existir que seja saudável. A saúde é produzida através do encontro entre pessoas que atuam uma sobre a outra, criando momentos de falas, escuta e interpretações, afetando os corpos, modificando-os, aumentando ou diminuindo a sua potência de ação no mundo.
Objetivos Por isso pretendemos com essa pesquisa encontrar espaços coletivos de luta e resistência no território da atenção básica, identificar as estratégias utilizadas pelos coletivos que mobilizam a comunidade, entender as relações que são produzidas e compartilhadas e os efeitos e afetos produzidos pelos encontros. E com isso apontar a capacidade da mobilização comunitária e do encontro para se aumentar a potência de vida das pessoas, produzindo lugares saudáveis em contextos de experiências coletivas e comunitárias.
Metodologia De acordo como o delineamento, caracteriza-se como documental e de campo. A técnica utilizada para o levantamento de dados foi o diário de campo e as narrativas dos sujeitos entrevistados. As narrativas foram transcritas literalmente e analisadas. O cenário foi o Distrito de Sapopemba e as organizações populares (coletivos e associações) que mobilizam a comunidade a partir de suas pautas reivindicatórias. Os sujeitos da pesquisa foram as lideranças comunitárias e outros sujeitos sociais que participam ou participaram das atividades dos coletivos. Para me aproximar dos coletivos, fiz contato por e-mail, ligação telefônica, whatsapp, direct, messenger, lives e presencialmente. Utilizamos a técnica de entrevistas narrativas semiestruturadas, técnica que se apoia na memória dos indivíduos e leva em consideração a intensidade e as características de suas vivências em função do contexto sociocultural.
Resultados e discussão Durante a pesquisa de campo encontrei espaços produtores de saúde no território. As pessoas que conseguem acessar esses espaços vivem uma experiência de existir coletivamente, de pensar sobre outras formas de viver mais cooperativa e menos excêntrica. Esses espaços afirmam a existência de um povo periférico, discute os estilos e as formas de viver. Partindo da ideia que pode se ampliar a potência de vida a partir dos encontros, conseguimos identificar no território vários espaços onde as pessoas se encontram, estabelecem momentos de falas e de escuta e se organizam para resolução de problemas de forma coletiva. Esses encontros fazem com que as pessoas aumentem a sua potência de agir e de viver, porque a partir das falas se percebe que afetos de alegria são produzidos. Alguns encontros ruins foram narrados, relacionados à violência institucional contra o jovem pobre da periferia. Percebe-se que esses encontros ruins fomentaram a mobilização popular por direitos. Portanto, um encontro ruim promoveu bons encontros, para atender uma necessidade de proteger as crianças e adolescentes dessa violência. Podemos falar que no território de Sapopemba existem encontros convenientes e encontros transformadores, nos quais afetos de alegria resultam em amor e esperança. Temos encontros transformadores que são muito importantes para resgatar o sentido da vida e despertar as potencialidades do território. São considerados bons encontros, por ampliar a potência de vida. Considerando as narrativas, é possível dizer que os encontros no território ativam afetos de alegria, de esperança, confiança, vínculo e respeito e nos desvencilham de uma forma de existir subserviente, possibilitando ter mais autonomia e mais liberdade no cotidiano da saúde, pois mobiliza saberes e troca de experiências de práticas de cuidado. Um dos efeitos desses encontros no território é a formação política desencadeada principalmente pelos coletivos artísticos culturais. Uma grande parcela dos sujeitos que mobilizam os coletivos culturais e que são educadores são frutos desses projetos do território. Quem produz os encontros entende que os fazeres artísticos são libertadores e que é possível criar novas formas de vida na periferia, novas formas de fazer e ser.
Conclusões/Considerações finais Portanto, entendemos que os coletivos são espaços de ação política e de formação de sujeitos sociais críticos, que permite a descoberta de novas habilidades, ampliando a leitura crítica da realidade e a promoção da autonomia e do empoderamento. Outro ponto a considerar como resultado dos encontros no território é a solidariedade crítica que se contrapõe à solidariedade de cunho assistencialista. Assim como, a tomada da consciência do compromisso com o mundo e com a história. A narrativa sobre esse processo de fazer-coletivo funciona como ferramenta metodológica, pois se constituiu tanto como dispositivo de comunicação, como de reflexão sobre práticas no território. E, por isso, é particularmente importante para a saúde pesquisas em que as relações entre sujeitos e coletivo, memórias e ação política aparecem como questões de especial interesse.
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