02/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC4.4 - Redes em saúde, coletivos e educação |
46219 - EDUCAÇÃO EM SAÚDE COMO ESTRATÉGIA ATUANTE NO CONTROLE DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (DCNT) NO CONTEXTO CARCERÁRIO: RELATO DE EXPERIÊNCIA CLARA EMANUELLY RODRIGUES DE MENEZES - UNIVASF, EMILY FERNANDES PEREIRA - UNIVASF, RILLARY AMARAL CAMELO CALHEIROS - UNIVASF, INGRID DOS SANTOS SILVA - UNIVASF, THAYSA MARIA VIEIRA JUSTINO - UNIVASF, KALLINY MIRELLA GONÇALVES BARBOSA - UEFS, MICHELLE CHRISTINI ARAÚJO VIEIRA - UNIVASF
Contextualização As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) são uma importante causa de mortalidade no Brasil. Estima-se que no ano de 2019, 738.371 pessoas vieram a óbito em decorrência de agravos potencializados por estas enfermidades. Dentre os fatores de risco para o desenvolvimento das DCNT, em especial a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e a Diabetes Mellitus (DM), destaca-se o tabagismo, sobrepeso, sedentarismo e a alimentação não saudável (BRASIL, 2021).
No que tange o contexto carcerário, compreende-se que o ambiente insalubre, com condições precárias de infraestrutura e alimentação, associadas à morosidade de acesso ao serviço de saúde, influenciam diretamente no surgimento destas doenças, bem como, atuam como potencializadores para seus agravos (BRASIL, 2021; MARTINS, 2022). Diante disso, destaca-se a importância da educação em saúde no ambiente carcerário, através da utilização da prática educativa como ferramenta para subsidiar o acesso à informação, bem como atuar na promoção de saúde e prevenção de riscos e agravos deste segmento populacional marginalizado.
Descrição Refere-se a um estudo qualitativo, do tipo relato de experiência, construído a partir da vivência de extensionistas, do projeto de extensão intitulado “Promoção de Saúde da Pessoa em Situação de Cárcere em Unidades Femininas”. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética sob parecer nº 5.246.073.
Período de Realização A ação de educação em saúde foi desenvolvida na Cadeia Pública Feminina de Petrolina-PE em maio de 2023.
Objetivos O presente trabalho tem como objetivo principal relatar uma ação educativa sobre DCNT realizada em uma unidade prisional feminina.
Resultados No primeiro momento da atividade, foram distribuídas duas placas coloridas, sinalizando, respectivamente, vermelho para mito e verdade para verde com intuito de vislumbrar o conhecimento prévio dos participantes. Em seguida, o facilitador compartilhou algumas afirmações sobre as doenças HAS e DM, entre elas: “é totalmente proibido consumir doces”; “a diabetes pode gerar complicações severas se não tratada"; "o álcool prejudica o controle da pressão arterial” e “quem tem pressão alta corre risco de infarto e outras doenças”. A dinâmica permitiu que as reeducandas julgassem a veracidade dos enunciados e, sobretudo, possibilitou o esclarecimento das dúvidas ainda no momento introdutório.
Outrossim, os extensionistas se encaminharam para a dinâmica final, convidando as mulheres a escolher um balão numerado contendo um tipo de sinal ou sintoma, como dor de cabeça, sede constante, entre outros. Ao estourar o balão, o participante pôde categorizar em um cartaz a sintomatologia correspondente à doença crônica. A metodologia ativa subsidiou a discussão sobre a importância da identificação precoce e rastreamento da HAS e DM, uma vez que a morosidade de acesso aos serviços de saúde suscita o subdiagnóstico e o manejo inadequado das doenças crônicas no ambiente prisional (GALVÃO et al, 2019).
Aprendizados Em suma, a educação em saúde realizada pelos extensionistas surge como uma estratégia na prevenção de doenças crônicas como HAS e DM, sobretudo no ambiente carcerário, onde há, além de fatores contribuintes para o desenvolvimento de tais agravos, a dificuldade de acesso aos serviços de saúde. Neste sentido, a experiência atua como pilar para a formação profissional dos extensionistas, pois a partir da atividade, cujo objetivo era prevenir o surgimento de agravos e promover saúde em uma população vulnerável, suprindo a lacuna assistencial desta população, é possível garantir os princípios de Universalidade, Equidade e Integralidade previstos pelo Sistema Único de Saúde.
Análise Crítica Sabe-se que entre os fatores de risco associados às doenças crônicas, destaca-se o sedentarismo e má alimentação. Logo, é válido ressaltar que a realidade do ambiente carcerário é deletéria à saúde, sobretudo porque as limitações de espaço compartilhado para a prática de exercício físico, o auxílio financeiro insuficiente para o custeio de uma alimentação saudável, além da perpetuação dos maus hábitos alimentares adquiridos antes do encarceramento, impactam significativamente no controle glicêmico e na pressão arterial (SERRA et al, 2022).
Sob este viés, evidencia-se que a educação em saúde se caracteriza como uma ferramenta de construção de conhecimento, uma vez que atua no subsídio a informação. Entretanto, entende-se que a População Privada de Liberdade (PPL) está inserida em um cenário de vulnerabilidade, visto que as dificuldades perpassam a morosidade de acesso aos serviços de saúde, a dificuldade de acesso a informações pertinentes à prevenção de agravos, e resultam em limitações impostas pelo encarceramento. Além disso, compreende-se que a educação em saúde é uma estratégia que visa a descentralização da assistência, uma vez que insere o indivíduo como protagonista do próprio cuidado (SCHUH; CASSOL; LACERDA, 2019).
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