02/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO25.3 - Trabalho, trabalhadores e a pluralidade do cuidado: equipes e a relação com saberes e práticas |
46102 - COMUNIDADE DE PRÁTICA DE ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA GIULIA BEDÊ BOMFIM - FIOCRUZ BRASÍLIA, MÁRCIA MUCHAGATA - FIOCRUZ BRASÍLIA, THIAGO MONTEIRO PITHON - FIOCRUZ BRASÍLIA, MARCELO PEDRA MARTINS MACHADO - FIOCRUZ BRASÍLIA, MARIA FABIANA DAMÁSIO PASSOS - FIOCRUZ BRASÍLIA, STELLA SANTOS - FIOCRUZ BRASÍLIA, JULIANA BORGES - FIOCRUZ BRASÍLIA, MAYARA CRISTINA SILVA DE ARAUJO - FIOCRUZ BRASÍLIA
Contextualização A Comunidade de Práticas em Atenção Primária à Saúde e População em Situação de Rua (ComPAPS) foi criada em outubro de 2021 trazendo como ênfase a busca de troca de experiência no atendimento à população em situação de rua no contexto da covid-19. Coordenada nacionalmente pela Fundação Oswaldo Cruz Brasília, a Comunidade de Práticas (CdP) teve fomento financeiro da Fundação Rockfeller com apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Este fomento financeiro para implementação de Comunidades de Práticas em saúde, com ênfase no enfrentamento da covid-19, surgiu a partir do êxito do uso desta ferramenta como instrumento de gestão em saúde em Estados nos Estados Unidos nos primeiros meses da crise sanitária implodida pela pandemia da covid-19. O Banco Interamericano de Desenvolvimento recebeu da Fundação Rockefeller recursos para apoiar – na América Latina e Caribe – países selecionados para o desenvolvimento de Comunidades de Prática de profissionais e gestores em saúde envolvidos com o tema da COVID e populações em situação de vulnerabilidade. No caso do Brasil foi selecionada a Fiocruz de Brasília.
Descrição Com a ComPAPS, foram criadas 24 CdPs em 23 estados brasileiros e Distrito Federal. Em cada comunidade foi inserida uma pessoa mediadora, que deveria ser indicada pelos Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems) e por outras unidades da Fiocruz. Estes mediadores receberam bolsa durante 8 meses, com a tarefa planejar, mediar e registrar 6 encontros online, com representantes profissionais, de gestão e sociedade civil, em que eram discutidos problemas e boas práticas com a população em situação de rua no âmbito da política de saúde, assistência social e outras políticas contexto da covid-19. Posteriormente o Movimento Nacional da População em Situação de Rua MNPR também foi convidado a participar como parceiro do projeto, considerando a sua importância enquanto dispositivo de participação social de pessoas em situação de rua.
Período de Realização A ComPAPS foi criada em outubro de 2021 e finalizou suas atividades focadas na pandemia da covid-19 em junho de 2022.
Objetivos Criar e implementar uma Comunidade de Práticas em Atenção Primária em Saúde voltada para Populações em Situação de Rua durante a pandemia de COVID-19, de caráter nacional; Desenvolver um repositório online de soluções e práticas na gestão de políticas efetivas de apoio à população em situação de rua; Capacitar 27 mobilizadores de redes de práticas estaduais para gestão e animação de Comunidades de Práticas em cada estado, integradas por gestores municipais e profissionais de saúde e de assistência social, entre outros; Publicar um livro digital com a sistematização de soluções e boas práticas identificadas pela Comunidade de Práticas.
Resultados Foram implementadas 24 CdPs em 23 Estados e DF; os produtos produzidos por cada comunidade -- um produto de conhecimento relatando o processo de desenvolvimento da comunidade e seus desfechos, bem como produtos detalhando boas práticas identificadas em diferentes âmbitos das políticas públicas -- foram inseridos em repositório online (IdeiaSUS) cujo acesso é livre. Além disso, foi produzida publicação de um livro digital, com as informações sobre as ferramentas, metodologias, desafios e práticas inovadoras identificadas pelo projeto. A ComPAPS também tem conta no Youtube, em que estão divulgados vídeos de encontros nacionais e apresentação de resultados.
Aprendizados O uso da Comunidade de Práticas como tecnologia coletiva de compartilhamento de experiências também permite a criação de novos conhecimentos, que podem ser úteis para a integração de diferentes políticas públicas voltadas a populações vulnerabilizadas. O conhecimento adquirido a partir das práticas traz consigo também novas perspectivas teóricas, possibilitando espaços de reflexão crítica em torno dos desafios relacionados ao trabalho cotidiano. A Comunidade de Práticas, além de uma ferramenta de aprendizagem, possibilita formas de cooperação e solidariedade entre profissionais de diferentes políticas públicas, que têm problemas e paixões em comum. O pagamento de bolsas aos mediadores de grupos e mentores que deram suporte teórico/prático foram essenciais para a consistência e estabilidade do trabalho.
Análise Crítica Organizar uma comunidade em âmbito nacional foi uma inciativa ousada e com riscos, visto as dificuldades relacionadas ao acompanhamento e a atenção de diversos atores envolvidos. O uso de ferramentas online, por exemplo, foi um fator cujo tempo de necessidade de adaptação foi menor do que o tempo exigido para o cumprimento de metas estabelecidas pelo projeto aprovado. Apesar de uma metodologia organizada pelo BID, que deveria ser seguida a risca; a Fiocruz apostou em parcerias com diferentes entes, locais e sociais, representados respectivamente pelos Cosems e pelo MNPR, que foram essenciais para o sucesso desse trabalho.
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