02/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO24.3 - Desigualdades históricas e as resistências territoriais |
48183 - RE-EXISTIR: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM PROJETO EM BUSCA DE EQUIDADE NO CAMPO DA SAÚDE ATRAVÉS DA MOBILIZAÇÃO SOCIAL EM UMA COMUNIDADE QUILOMBOLA LAYLA NAYARA DA SILVA SANTOS - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA, SELMA GLÓRIA DE JESUS - MOVIMENTO DE ORGANIZAÇÃO COMUNITÁRIA, LUANA CARDOSO FONSECA - ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA DE DESENVOLVIMENTO DO CANDEAL II, JAQUELINE ALVES FONSECA - ASSOCIAÇÃO CULTURAL JOÃO MIÚDO, FRANCISCA DAS VIREGENS FONSECA - ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA DE DESENVOLVIMENTO DO CANDEAL II, JORGE LUIZ NERY DE SANTANA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA, SILVONE SANTA BÁRBARA DA SILVA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
Contextualização Relato sobre o Projeto “RE-EXISTIR: Identidade e Saúde da População Negra”, que foi o disparador para o início do processo de formação não formal de agentes mobilizadores para fortalecimento de políticas de saúde da População Negra em comunidade quilombola, em Feira de Santana, Bahia. Tal projeto possui como premissa fundamental o alcance da equidade no campo da saúde e implementação de direitos assegurados em políticas públicas voltadas para grupos vulneráveis, através da mobilização social.
Descrição O projeto foi pensado, construído e executado a partir da colaboração de Mestrandas do Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Estadual de Feira de Santana, vinculadas ao Núcleo de Estudos em Gestão, Políticas, Tecnologias e Segurança em Saúde, em parceria com o Movimento de Organização Comunitária (MOC), a Associação Comunitária de Desenvolvimento do Candeal II e a Associação Cultural João Miúdo. As principais atividades, foram realizadas em parceria com a comunidade, acontecendo predominantemente na Comunidade Quilombola Fazenda Candeal II. O público foram Mulheres entre 18 e 55 anos de idade, que exercem liderança ou com potencial para multiplicar conhecimentos nas comunidades quilombolas.
Período de Realização Realizado de janeiro a dezembro do ano de 2021.
Objetivos Formação de agentes mobilizadores para articular e realizar oficinas, seminários e rodas de conversas com temas como: identidade da população negra, política pública de saúde da população negra e igualdade de direitos, participação social, e enfrentamento a violência contra mulheres e meninas.
Resultados 30 jovens através da oficina temática sobre educação popular e políticas públicas de saúde da população negra; 30 mulheres sobre identidade, igualdade de direitos e participação social, promovendo encontro entre gerações. Como produtos, destaca-se: elaboração de um Plano de Ação comunitário de saúde da população negra, para ser apresentado ao poder público municipal e estadual; construção de uma cartilha educativa; constituição do Conselho local de saúde da comunidade, com a participação de lideranças que ocupam espaços de proposição e controle social de políticas públicas.
Aprendizados Esse projeto permitiu reflexões relevantes, particularmente no que diz respeito aos aspectos epistêmicos relacionados à saúde da população negra e às relações sociais. Alguns desses aspectos incluem: Epistemologia do conhecimento situado; Epistemologia feminista e interseccionalidade; Epistemologia do cuidado; Epistemologia do controle social. Durante a construção e execução das atividades evidenciou a importância de considerar o conhecimento situado e contextualizado, valorizando a cultura, tradições e saberes da comunidade quilombola, visto que o conhecimento é influenciado pelas experiências e perspectivas de grupos específicos, além de considerar as múltiplas formas de opressão e discriminação experienciadas por mulheres negras. Assim, as estratégias adotadas como escuta qualificada sobre os relatos da comunidade quilombola, e capacitação dos agentes mobilizadores para atuar ativamente dos conselhos de saúde e outras instâncias de controle social, se constituíram como estratégia de enfrentamento do racismo e de promoção da saúde.
Análise Crítica A proposta utilizada apresenta alguns aspectos inovadores, tais como: Diagnóstico Rural Participativo: membros da comunidade atuaram na coleta de dados e na identificação das necessidades e demandas locais, permitindo uma compreensão aprofundada da realidade; Troca de saberes e cuidados: visitas domiciliares visando a troca de conhecimentos, reconhecendo que os sujeitos envolvidos possuem saberes e experiências relevantes para a promoção da saúde; Escuta sensível das necessidades da comunidade: através de rodas de conversas e entrevistas semiestruturadas com a juventude e as mulheres da comunidade quilombola, valorizando a participação ativa no processo de tomada de decisões; Formação de agentes mobilizadores dentro das comunidades quilombolas: atuando como multiplicadores de conhecimento e defensores de seus direitos, fortalecendo o controle social. Além de apresentar características inéditas: Abordagem afrorreferenciada: foco principal na saúde da população negra em comunidades quilombolas, reconhecendo particularidades e desafios enfrentados no acesso aos serviços de saúde; Valorização da cultura e identidade quilombola: busca pelo fortalecimento da identidade e o pertencimento étnico-raciais; Participação ativa da comunidade: desde a construção da projeto até a sua execução, contribuido para efetividade e sustentabilidade das ações desenvolvidas. Por fim, através de sua execução, foi possível destacar a importância do fortalecimento das políticas públicas de saúde voltadas para a população negra, como a PNSIPN, a PNSIPCF e a PNAIPDF.
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