Comunicação Oral

02/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO15.3 - Formação, Educação Permanente em Saúde e vivência acadêmica

46868 - OFICINAS DE SAÚDE LGBTI+ REALIZADAS NO AMBITO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA, NO MUNICÍPIO DE NATAL, RIO GRANDE DO NORTE: RELATO DE EXPERIÊNCIA
GABRIEL TIBURCIO DOS SANTOS - UFRN, AMANDA DE MEDEIROS AMANCIO - UFRN, CLARA RAFAELA DE LIMA CAETANO - UFRN, MARIA ANGELA FERNANDES FERREIRA - UFRN, BRÍGIDA GABRIELE ALBUQUERQUE BARRA - UFRN, SAMANTHA ARAÚJO MELO - UFRN, SOFIA RAFAELA MAITO VELASCO - UFRN


Contextualização
A Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, publicada em 2011, tem o objetivo de promover a saúde integral dessa população, eliminando a discriminação e o preconceito institucional, e contribuindo para a redução das desigualdades. No município de Natal, em 2021, foi promulgada a lei 7.208, que dispõe sobre a Política Municipal de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e das Pessoas Intersexo (LGBTI+). Apesar da consolidação dessas políticas,, ainda existem muitas dificuldades quando se refere à saúde da população LGBTI+, uma vez que os profissionais de saúde ainda estão alheios a essas mudanças sociais e às especificidades desses usuários, e grande parte carrega preconceitos, erguendo barreiras que impedem o acesso universal e integral à saúde para essa população. Assim, uma medida para garantir acesso à saúde mais efetivo para pessoas LGBTI+ é o aprimoramento da formação dos profissionais da saúde, principalmente da Atenção Básica.


Descrição
As oficinas de saúde LGBTI+ foram realizadas na Unidade de Saúde da Família (USF) de Bairro Nordeste, localizada em Natal, pelo Grupo Interprofissional de Saúde LGBTI+ (GIPS) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Previamente às oficinas, foi realizado roteiro de observação, entrevistas e grupos operativos com usuários e profissionais, visando criar vínculos e discutir as principais demandas de saúde na unidade, para fins de planejamento das oficinas com base em metodologias participativas e pautadas na Educação Popular em Saúde (EPS). A primeira oficina consistiu numa Tenda do Conto, e visou despertar a identificação dos participantes com objetos presentes no centro da Tenda, com o intuito de compartilhar experiências e vivências no âmbito do atendimento em saúde. A segunda oficina teve como objetivo despertar a reflexão crítica dos participantes a partir da encenação de três casos que abrangeram temáticas sinalizadas durante o processo de diagnóstico da USF. A partir de um roteiro, usuários e profissionais encenaram cenas do cotidiano do atendimento envolvendo nome social, pronomes e identidade de gênero, para que o grupo pudesse discutir sobre os conceitos importantes e refletir sobre o cuidado às pessoas LGBTI+. Na terceira oficina, foi realizado um desenho da rede de atendimento à população LGBTI+ aos profissionais, a partir do qual foi explicado como funcionava o Ambulatório Transexual e Travesti de Natal, haja vista que muitos profissionais não tinham conhecimento da sua existência e funcionamento. Na ocasião, também foi feita fixação de cartazes e distribuição de bottons, e estiveram presentes membros dos movimentos sociais LGBTI+ do estado, que deixaram seu contato registrado nos cartazes para que os profissionais pudessem fortalecer o vínculo com essas pessoas que são referência do território.


Período de Realização
Outubro a Novembro de 2022.

Objetivos
Relatar a experiência de três oficinas de saúde LGBTI+ realizadas em uma USF da cidade de Natal, RN.


Resultados
Através das oficinas foi estabelecido um vinculo e um espaco de trocas entre profissionais e usuários, uma vez que os usuários puderam ser acolhidos e ter suas demandas e conhecimentos ouvidos, enquanto os profissionais, inclusive os que não tiveram acesso a conteúdos referentes à saúde LGBT previamente, foram sensibilizados e envolvidos com as discussões, o que garantiu um aprendizado mais horizontal e efetivo sobre saúde LGBTI+, a partir de toda a reflexão crítica provocada e metodologias participativas utilizadas com base na EPS. Além disso, com a fixação de cartazes e distribuição de bottons, houve uma valorização da ambiência, diretriz da Política Nacional de Humanização do SUS, também prevista na Política Municipal Integral de LGBT de Natal.


Aprendizados
Acredita-se que a experiência com as oficinas tenha sido exitosa uma vez que, em todas as rodas de conversa, o conhecimento prévio dos usuários, baseado em suas histórias de vida, práticas sociais e culturais, foi priorizado e valorizado. Dessa forma, a aquisição de novos conhecimentos ocorreu de forma horizontal, para todas as partes envolvidas: profissionais da USF, usuários e pesquisadores, o que está em consonância com os preceitos de EPS propostos por Paulo Freire.



Análise Crítica
Uma vez que a EPS enxerga o aprendizado de uma forma mais ampla, trazer os princípios desse método durante a execução das oficinas foi uma iniciativa que visou garantir um espaço mais representativo, de maior diálogo e consequentemente um aprendizado mais reflexivo e plural.