Comunicação Oral

02/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO33.5 - Comunidades tradicionais e contaminação ambiental e Covid 19

47989 - ITINERÁRIOS (IM)POSSÍVEIS DA SAÚDE E TRABALHO DE HOMENS E MULHERES EXPOSTOS AO AMIANTO NA REGIÃO DE PEDRO LEOPOLDO-MG
ELIANA GUIMARAES FELIX - FIOCRUZ/RJ/CESTEH/ENSP, WILLIAM WAISSMANN - FIOCRUZ/RJ/CESTEH/ENSP, LUCIANA GOMES - FIOCRUZ/RJ/CESTEH/ENSP


Apresentação/Introdução
Os efeitos da exposição, uso e consumo do amianto permanecem sendo preocupação dos movimentos sociais e trabalhadores para garantir regras de proteção efetivas na defesa da vida e saúde das expostas e dos expostos ao amianto, visto que as doenças asbesto relacionadas podem aparecer de 40 a 50 anos após cessada a exposição.


Objetivos

Este estudo analisou associação de relações sociais de gênero com os itinerários no trabalho e saúde percorridos por expostas(os) ao amianto associadas(os) da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto de Minas Gerais - ABREA-MG, na região mineira do Município de Pedro Leopoldo.


Metodologia
Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo, retrospectivo e descritivo. O percurso metodológico adotado foi delineado por 36 entrevistas abertas de homens e mulheres expostos e discussões em um grupo focal, realizados de outubro de 2021 a junho de 2022

Resultados e discussão
Os relatos revelaram que as condições de trabalho eram precárias, havia estratégias de exploração desses trabalhadores e fragmentação da luta coletiva. Abordaram, também, falta de medidas de proteção no ambiente laboral e doméstico, acentuando as desigualdades de gênero e os riscos de contaminação. Em adição, constatou-se que empresa controlava núcleos familiares em ambiente carente pela política de contratação de familiares. O cenário oculto de adoecimentos e agravos à saúde resultantes da exposição ao amianto foi enfatizado, srndo destacada a falta de esforços para localizar, diagnosticar e garantir assistência à saúde destes contaminado(a)s. Há in(visibilidade) dos graves problemas de saúde vividos pela(o)s exposta(o) ao amianto da região de Pedro Leopoldo, MG e o crescente aumento de casos de doenças asbesto relacionadas na região parece ser mais pronunciado nas mulheres em função das imposições sociais do papel feminino, sendo as mulheres triplamente expostas: no ambiente doméstico, no trabalho e no ambiente geral, o que se reflete não só na invisibilidade, mas traduz itinerário de des(caso) e de adoecimentos, que se alinham à ausência de políticas públicas específicas e gerais. O desinteresse político ao longo das décadas é apontado como um obstáculo à implementação de estratégias abrangentes para cuidar da saúde dos indivíduos expostos ao amianto na região. O estudo resultou na inédita descrição da história vivenciada pelas expostas ao amianto quando instituída greve dos homens, na década de 1980, e as mulheres da região foram convocadas para o trabalho industrial, em condições ainda mais precárias de exploração, com ampliação de desigualdades e estratégias de exploração: sem treinamento (EPIs inadequados às mulheres, lavagem dd rumo Dr trabalho de companheiros e outras).

Conclusões/Considerações finais
Conclui-se pela necessidade do fortalecimento de programas e estratégias do SUS que favoreçam a integralidade da saúde de homens e mulheres expostos de forma comprometida com a participação popular, justiça social e ambiental. Há necessidade também do fortalecimento da ABREA/MG para a continuidade de busca ativa da população exposta e o encaminhamento assistencial. Não se conhece a extensão total dos danos causados pela exposição, pois existe cenário oculto de adoecimentos e agravos à saúde resultantes da exposição ao amianto. Muitos que foram expostos são desconhecidos. Alguns podendo padecer de males sem diagnóstico. Há claro desinteresse político o que, ao longo de décadas, tem sido um obstáculo à implementação de estratégias abrangentes para cuidar da saúde dos indivíduos expostos ao amianto na região de Pedro Leopoldo, MG. A subnotificação dos casos dificulta a implementação de ações, estratégias e políticas efetivas para mitigar os danos causados pelas décadas de exposição ao amianto na região para o quê ressalta-se a importancia de reforço da vigilância epidemiológica.