03/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC4.2 - Pessoas em situação de vulnerabilidade |
47103 - DOENÇA DE ALZHEIMER NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DE RIO BRANCO: PERCEPÇÕES DE CUIDADORES E PROFISSIONAIS DE SAÚDE NO ANO DE 2021
LUCAS SAMUEL ARAÚJO DA COSTA - UFAC, CLÉBER RONALD INÁCIO DOS SANTOS - UFAC
Apresentação/Introdução
Com a expansão do acesso aos serviços de saúde e a melhoria do perfil médico-sanitário, o Brasil experimentou, nas últimas décadas, alterações substanciais nos padrões de morbimortalidade, com a ascensão de agravos e doenças não transmissíveis. Dentre aquelas ligadas à senescência, a Doença de Alzheimer vem se consolidando como um importante problema em Saúde Pública, ao passo em que exerce um efeito devastador não apenas sobre a pessoa afetada, mas também sobre o grupo familiar ao qual pertence. Considerando o papel da Estratégia de Saúde da Família no cuidado domiciliar, as equipes de Saúde da Família se apresentam como recurso humano de relevância ímpar para o cuidado integral, territorializado e continuado dos idosos acometidos e de seus cuidadores.
Objetivos
O estudo teve por objetivo analisar o conjunto de ações desenvolvidas pelas equipes de Saúde da Família visando o cuidado do idoso com Doença de Alzheimer e de seu cuidador. Para isso, buscou-se descrever as características do cuidado conferido pelos profissionais de saúde da Atenção Primária à pessoa com Doença de Alzheimer; relatar as ações de apoio direcionadas pelas equipes de Saúde da Família ao núcleo familiar e ao cuidador e; discutir os principais desafios enfrentados pelos profissionais de saúde da Atenção Básica no âmbito do cuidado voltado ao indivíduo com Doença de Alzheimer e ao cuidador.
Metodologia
Realizou-se uma pesquisa de natureza aplicada e abordagem qualitativa do tipo Estudo de Caso, tendo como cenário a cidade de Rio Branco, capital do estado do Acre. Participaram da pesquisa 12 profissionais de saúde vinculados a equipes de Saúde da Família do município e 12 cuidadores de idosos diagnosticados com Doença de Alzheimer. Foram selecionados 1 profissional de saúde e 1 cuidador a partir de cada um dos 12 Segmentos de Saúde nos quais se organiza a Atenção Primária à Saúde de Rio Branco. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas e sistematizados por intermédio da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo. O Modelo de Análise utilizou a Teoria das Representações Sociais.
Resultados e discussão
Dentre intervenções de saúde desenvolvidas na Atenção Primária à Saúde de Rio Branco, a visita domiciliar destacou-se como a principal estratégia utilizada na prestação do cuidado e acompanhamento da pessoa com Doença de Alzheimer pelas equipes de Saúde da Família. Identificou-se, contudo, a ausência de ações coordenadas voltadas à saúde do cuidador, de forma que o cuidado dispensado a esse indivíduo tem sido relegado à posição de secundário, limitando-se, em muitas ocasiões, ao campo da Educação em Saúde e à facilitação do acesso aos serviços da Atenção Básica. Os principais entraves na prestação do cuidado foram a ausência de uma linha de cuidado definida; défices na formação técnica dos profissionais de saúde e inadequação das ações de formação continuada; sobrecarga de trabalho; aporte insuficiente de recursos; ausência de planejamento conjunto de ações e a dificuldade de acesso ao apoio multi e interprofissional.
Conclusões/Considerações finais
Múltiplos são os entraves que dificultam implementação das ações de cuidado e debilitam o potencial da Atenção Primária à Saúde de Rio Branco. O atual perfil da Atenção, em suma, permanece marcado por ampla informalidade e fragmentação do cuidado, implicando atos não coordenados que, se em alguns casos, mostram-se adequados ao manejo dessa condição de saúde, em outros, deixam o idoso, seu cuidador e o núcleo familiar desamparados frente à doença e seus agravos.
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