Comunicação Oral Curta

02/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC33.3 - Política de ST / VISAT e Precarização do Trabalho III

47804 - VIGILÂNCIA EM SAÚDE MENTAL RELACIONADA AO TRABALHO E SEUS DESAFIOS NA REDE DE ATENÇÃO EM SAÚDE DO MUNICÍPIO DE MANAUS-AM
TACIANA LEMOS BARBOSA - FVS-RCP/AM E UEA, SOCORRO DE FÁTIMA MORAES NINA - UEA, CÍNTHIA VIVIANNE CARVALHO DOS SANTOS - FVS-RCP/AM, ANA CRISTINA FURTADO CARVALHO RÉGIS - FVS-RCP/AM, GABRIELA BARROS CRUZ - UEA


Apresentação/Introdução
O tema da Saúde Mental dos trabalhadores é atualmente uma das demandas cruciais acerca da saúde do trabalhador, visto que, as características técnicas e sociais da gestão e organização dos trabalhos atuais induzem uma série de sofrimentos físicos, psíquicos e sociais. Esse cenário chama ao desafio urgente de inserir as questões de saúde mental no escopo das ações da Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT).

Objetivos
Analisar os desafios no desenvolvimento das ações de vigilância em saúde mental relacionadas ao trabalho no município de Manaus - AM

Metodologia
Trata-se de uma pesquisa de campo com abordagem qualitativa, do tipo exploratória e descritiva, desenvolvida de agosto de 2022 a março de 2023 em unidades da Secretaria de Estado de Saúde e Secretaria Municipal de Saúde. Participaram da pesquisa 22 profissionais que atuam na rede de atenção à saúde mental, anteriormente capacitados, a partir do projeto de extensão universitária intitulado “Ações de vigilância em saúde mental relacionadas ao trabalho na Rede de Atenção em Saúde de Manaus - AM” que propôs elucidar a discussão acerca da subnotificação dos Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho (TMRT) no Estado do Amazonas, buscando melhorar essa condição a partir da comunicação direta com os profissionais da rede por meio de oficinas pedagógicas com discussão de casos. A coleta de dados ocorreu utilizando-se um roteiro de entrevista semiestruturado e todas as entrevistas foram gravadas e transcritas integralmente e, posteriormente analisadas através da análise temática de Bardin.

Resultados e discussão
Das entrevistas emergiram três categorias analíticas: a primeira refere-se a compreensão dos profissionais sobre a relação entre sofrimento psíquico e trabalho, observando-se que os profissionais conseguem compreender essa relação e identificar o trabalho como um determinante e condicionante para o processo de adoecimento. No entanto, mesmo com essa compreensão fica explicitada a insegurança em afirmar em quais situações de fato ela existe a ponto de resultar na notificação do caso. A literatura encontrada traz a persistência de insegurança técnica dos profissionais para o estabelecimento da relação entre sofrimento psíquico e trabalho e sua notificação. Elucida-se ainda nas falas a inquietação dos profissionais na percepção do trabalho como fator que contribui para o sofrimento, visto que, foi comum durante a execução da pesquisa o reconhecimento de vivências que levam ao adoecimento no seu próprio local de trabalho. Além da necessidade de encontrar uma relação de causa e efeito, isolando o trabalho como única causa do adoecimento. A segunda categoria trata-se da ausência de experiências com ações de vigilância dos TMRT. Quando os participantes foram abordados sobre as experiências das ações de VISAT voltadas para o TMRT observa-se a ausência de ações práticas, como por exemplo, o preenchimento da ficha de notificação mesmo diante da percepção de um caso. E essa situação se estende para os demais agravos relacionados ao trabalho e no contato com ações voltadas a saúde do trabalhador de uma forma geral. Mesmo considerando que todos os participantes estiveram presentes nas oficinas pedagógicas de capacitação e já atuam na rede de atenção em saúde mental há pelo menos três anos. Estudos evidenciam o caráter crônico de invisibilidade dos TMRT atrelada ao fenômeno da subnotificação e como consequência das estatísticas enviesadas a saúde mental no trabalho deixa de ter caráter prioritário para o planejamento das ações e políticas públicas. Sendo fundamental o papel dos profissionais da saúde na investigação e estabelecimento da relação entre o agravo mental e a condição de trabalho, na notificação, no acompanhamento dos casos e monitoramento das condições e organização do trabalho. E por fim, a terceira categoria refere-se as dificuldades na inserção dessas ações na rotina de trabalho das unidades de saúde. Pois, os profissionais entendem essa proposta como um trabalho a mais, referem a ausência de fluxo definido para acesso a rede de atenção à saúde do trabalhador e para o encaminhamento da ficha de notificação, observando-se uma tentativa de eleger categorias profissionais específicas como responsáveis pelas ações de vigilância em saúde do trabalhador voltadas para o TMRT.

Conclusões/Considerações finais
Contemporaneamente o reconhecimento da relação do sofrimento psíquico com o trabalho é ainda objeto de incertezas, conflitos, que redundam em pequena identificação de casos e registro, sendo a participação ativa dos profissionais da rede um ponto crucial para o desenvolvimento da VISAT e esse papel ativo tem relação com a sensibilização do profissional da saúde em se reconhecer como protagonista dessas ações.