02/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC33.3 - Política de ST / VISAT e Precarização do Trabalho III |
47036 - USO DE ÁLCOOL E DROGAS POR POLICIAIS PENAIS: UMA REVISÃO DE ESCOPO LUANA APARECIDA MOREIRA - FM/UFMG, ADALGISA PEIXOTO RIBEIRO - FM/UFMG, ANDRÉA MARIA SILVEIRA - FM/UFMG, GRAZIELLA LAGE OLIVEIRA - FM/UFMG
Apresentação/Introdução Introdução: Trabalhadores da segurança pública, como os Policiais Penais, estão sujeitos a altas cargas de estresse, violência e transtornos mentais e do comportamento. O uso e abuso de álcool e drogas tem sido objeto de interesse de pesquisadores, bem como a relação do abuso dessas substâncias com o estresse no trabalho. Entretanto, este parece ser um tema tabu nas forças de segurança, em especial na Polícia Penal, pois existem poucas publicações sobre o tema. Neste sentido, esta pesquisa se justifica pela necessidade de compreender os impactos do uso dessas substâncias nas atividades de execução penal e na integridade física e mental dos policiais penais.
Objetivos Objetivo: Mapear as produções científicas sobre o uso de álcool e drogas por Policiais Penais e identificar as evidências já produzidas e as lacunas do conhecimento existentes.
Metodologia Metodologia: Foi utilizada a metodologia do Instituto Joanna Briggs (JBI) e as recomendações do guia internacional Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR). As bases pesquisadas foram: PubMed; Medline; Lilacs; SciELO; Biblioteca Virtual em Saúde (BVS); Web of Science, Scopus e literatura “cinzenta”. Utilizou-se estratégias de busca adaptadas para cada base de dados com Descritores em Ciências da Saúde DeCS/MeSH de modo a captar o maior número de textos sobre o tema. Foram selecionados textos em língua portuguesa, inglesa e espanhola, de acesso aberto, que abordassem agentes penitenciários, uso de álcool e drogas e pesquisas mundiais sobre o tema. Utilizou-se o software Rayyan para gerenciar as referências e um instrumento de extração de dados para posterior análise.
Resultados e discussão Resultados e discussão: Foram identificados 782 textos, dos quais 229 foram excluídos por serem repetidos. Dos 553 documentos restantes, 480 foram excluídos por abordar outro grupo populacional ou não abordar o uso de álcool e drogas entre Policiais Penais, não satisfazendo a estratégia de pesquisa aplicada. Após essas exclusões, 73 artigos seguiram para leitura dos resumos, culminando com a exclusão de mais 51 textos. No total, 32 trabalhos foram selecionados para leitura completa, dos quais, nove foram excluídos por serem de acesso restrito. A seleção final contou com 22 artigos, sendo 17 estudos quantitativos e cinco qualitativos. Os artigos foram distribuídos ao longo de 40 anos, mas há predominância de artigos nos últimos cinco anos. Este resultado pode refletir uma realidade mundial de encarceramento em massa que gera maior necessidade de profissionais de segurança penitenciária e, por consequência, surgem ou tornam-se mais visíveis os problemas de saúde mental relacionados a esses trabalhadores, estimulando pesquisas sobre o tema. Os artigos selecionados associam o uso de álcool e o tabagismo, a relação entre o consumo de álcool e a ausência de atividade física regular e apontam para uma relação entre burnout e maiores níveis de consumo de álcool. O acervo analisado indica a necessidade de garantir assistência à saúde física e mental dos Policiais Penais; bem como diagnóstico precoce de transtornos mentais, incluindo o abuso de álcool ou drogas e a importância de mais pesquisas sobre o tema nesse grupo, incluindo estudos epidemiológicos que relacionem variáveis comportamentais. Os pesquisadores também alertam para a necessidade de melhora das condições de trabalho dos Policiais Penais. Entre os fatores de risco, foram elencados: o avanço da idade, tempo de trabalho, carga horária desgastante e acúmulo de cargos. Os Policiais Penais consideram seu trabalho como de risco e estressante e muitos percebem os casos de abuso de álcool ou drogas por colegas de trabalho.
Conclusões/Considerações finais Conclusão: O crescente aumento da população carcerária mundial implicará num aumento significativo do número de profissionais trabalhando nas instituições penais. Esses Policiais Penais estão sujeitos ao abuso de álcool e drogas em níveis superiores à média da população geral. É fundamental, portanto, identificar o adoecimento do trabalhador, reconhecer o uso e abuso de álcool e drogas e fornecer suporte para que esses profissionais expressem seus problemas e recebam o devido tratamento e acompanhamento. É importante promover programas ocupacionais, a fim de prevenir situações potencialmente estressantes e abrir canais de comunicação que permitam a identificação e o acolhimento de distúrbios mentais pelos serviços de saúde do trabalhador. Gestores dos sistemas penais devem estar atentos às condições de vida e saúde mental de seus profissionais, cuidando para que o trabalho não seja uma fonte geradora de sofrimento, doenças ocupacionais e insegurança. Superar os estigmas relacionados ao trabalho em prisões, assim como os preconceitos relacionados ao uso de álcool e drogas deve ser a prioridade. Esta revisão aponta para a necessidade de mais pesquisas para identificar e compreender os aspectos do trabalho relacionados com o uso de álcool e de drogas por Policiais Penais.
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