Comunicação Oral Curta

02/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC32.3 - Desafios na RAPS

47857 - FORTALECIMENTO DO CUIDADO EM SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
KARINA OLIVEIRA DE MESQUITA - ESP-VS, OSMAR ARRUDA DA PONTE NETO - ESP-VS, MARIA JOSÉ GALDINO SARAIVA - ESP-VS, MARIA SOCORRO DE ARAÚJO DIAS - ESP-VS, VIVIANE OLIVEIRA MENDES CAVALCANTE - ESP-VS, THATIANNA SOUZA SILVEIRA - ESP-VS


Contextualização
A preocupação com a saúde mental da população aumentou no decorrer da pandemia. Por ser considerada a coordenadora do cuidado em saúde, é comum que o primeiro contato de pacientes com transtornos mentais seja com a Atenção Primária à Saúde (APS), sendo de extrema importância que estes profissionais sejam aptos a lidar com essas necessidades.
O que se destaca, entretanto, é se a APS tem condições técnicas, pessoais e profissionais de abarcar a demanda em saúde mental, que vem crescendo exponencialmente, bem como se é função dela esse tipo de abordagem (MORAIS et al., 2021).
Nesse sentido, foi implementado o Projeto de Fortalecimento do cuidado em saúde mental na APS de Sobral, por meio da identificação de demandas de saúde mental e proposta de estratégias de atuação, integrando docentes, profissionais residentes e trabalhadores da ESF e da Rede de Atenção Psicossocial, considerados como atores essenciais capazes de qualificar os serviços e a assistência prestada aos usuários.

Descrição
Relato da experiência de atividades do Projeto de Saúde Mental na APS do município de Sobral, Ceará. A proposta foi desenvolvida pela Escola de Saúde Pública Visconde de Saboia (ESP-VS), escola vinculada à Secretaria Municipal de Saúde de Sobral, que coordena os processos de educação na saúde no município. Foram desenvolvidas duas etapas: 1-Diagnóstico das ações desenvolvidas ou em desenvolvimento nos territórios da APS, que tivessem resultados efetivos para a promoção da saúde mental e com potencial de replicação. 2-Sistematização das experiências identificadas com padronização das informações.
O mapeamento da situação de adoecimento mental foi feito em 23 Centros de Saúde da Família, por meio de aplicação de roteiro contendo: características da equipe de saúde; residentes atuantes no serviço; ações, estratégias ou atividades de cuidado em saúde mental disponibilizados no território; ações voltadas à saúde mental do trabalhador; sugestões de novas atividades para o cuidado em saúde mental; demandas de saúde mental prevalentes no território.

Período de Realização
Junho a dezembro de 2022

Objetivos
Mapear os adoecimentos mentais prevalentes nos territórios da ESF e Identificar ações nos territórios da APS, com foco na promoção da saúde mental.

Resultados
Quanto às características da equipe de saúde, em todos os territórios tem atuação de profissionais do NASF ou da Residência Multiprofissional em Saúde da Família. Dentre as ações/estratégias utilizadas destacam-se os grupos de práticas corporais, grupos de mulheres, grupos de idosos e outros grupos de convivência onde emergem temáticas relacionadas à saúde mental. Além dos grupos foram identificados o matriciamento com as equipes de saúde mental e oficinas terapêuticas realizadas em alguns. Como identificação de espaços que promovem saúde do trabalhador foram vistos os grupos de oração do bairro, prática de exercício físico, participação em instituições religiosas, artesanato. Foi sugerida a implementação de grupos de jovens para o trabalho com a prevenção da violência, grupo de pacientes com transtorno mental, encontros de cuidado com os profissionais, abordagens grupais com os profissionais da psicologia, ginástica laboral, grupo de lazer e de convivência. Como demandas foram identificadas a depressão, ansiedade, automutilação, problemas de sono, dependência química, uso abusivo de substâncias e tentativas de suicídio.

Aprendizados
Entende-se que o processo de identificação das demandas e das ações de saúde mental despertou reflexões importantes nos profissionais, que não conseguem enxergar de forma clara o que realmente promove saúde mental. Numa concepção ampliada de saúde, muitas ações já são desenvolvidas e, indiretamente, contribuem para a saúde mental, mas não estão postas de forma clara para a equipe e para os usuários. Observa-se o pouco trato dos profissionais em conhecer e lidar com as demandas que surgem. A saúde do trabalhador emerge como algo importante, que implicará no processo pessoal e profissional deste. O acolhimento às demandas individuais que surgem no CSF não foram identificadas neste processo, evidenciando o pouco entendimento sobre a forma de condução destes casos.

Análise Crítica
Apesar da realidade atual em que o adoecimento mental se encontra presente de forma intensa no cotidiano das pessoas, frequentemente, a APS não é reconhecida como referência para esta demanda, limitando-se ao campo das especialidades. O trabalho reforça a necessidade do envolvimento de toda a equipe no processo, no sentido de promover estratégias de sensibilização e mobilização de toda a equipe de saúde para o envolvimento com o campo da saúde mental. Evidencia-se que o matriciamento se configura como essencial no cenário da ESF, porém, não é a única estratégia para a promoção da saúde mental neste cenário.A intencionalidade deste projeto transcende o campo prático e assistencial, avançando numa perspectiva de cuidado social e comunitário, para a melhoria da atenção à saúde mental prestada nos territórios e nas casas das pessoas.