Comunicação Oral Curta

02/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC3.2 - Práticas institucionais, identidade e reparação para a formação inclusiva

46100 - “SENSÍVEIS DEMAIS”: INCÔMODOS VIVENCIADOS POR MULHERES NA PÓS-GRADUAÇÃO ACADÊMICA
PRISCILLA DAISY CARDOSO BATISTA - UFRJ, KATHLEEN TEREZA DA CRUZ - UFRJ, VALÉRIA MARQUES BATISTA - UFRJ, BIANCA ARAÚJO DOS SANTOS - UFRJ, CRISTINA GUEDES VENEU - UFRJ, REBECA AZEVEDO MACHADO PINTO - UFRJ, TATIANA BRANDÃO GOMES - UFRJ, MARIA LUISA JIMENEZ JIMENEZ - UFRJ, FABIANA PASCHOAL DOS SANTOS - UFRJ


Contextualização
Em 2022, um grupo de pesquisadoras lésbicas, hetero, cis, gordas, bis, pretas, indígenas, brancas, mães solo, servidoras públicas, autônomas, professoras, ativistas ambientais profissionais de saúde, entre outras, encontramo-nos com nossas orientadoras no programa de pós-graduação em psicossociologia de comunidades e ecologia social da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Sincronamente, por meio de web-reuniões, fomos compartilhando marcas que eram acionadas e atualizadas em outros espaços do ambiente acadêmico onde práticas micropolíticas patriarcais de fazer ciência arremessavam nossas corpas a lugares de desconforto e de reativação de memórias de inferiorização e desqualificação. A escolha do título “SENSÍVEIS DEMAIS” expressa uma provocação para quando, especialmente no espaço acadêmico, há uma redução de questões sociais a manifestações individuais de mulheres, favorecendo práticas que desresponsabilizam o coletivo.

Descrição
Nas encontros semanais, os incômodos passaram a tomar forma e nome ao longo do ano letivo e nos desafiamos a produzir juntas um texto acadêmico sobre tais vivências e, posteriormente, abrir espaço de compartilhamento com outras mulheres.

Período de Realização
Os encontros acontecem semanalmente desde 2022 até o presente momento.


Objetivos
Acolher vivências traumáticas provocadas em nós e em outras pela ocupação deste lócus de produção de verdades que é a pós-graduação acadêmica e suas manifestações patriarcais.


Resultados
Percurso e resultados do nosso exercício coletivo foram-se constituindo em encontros onde praticávamos a acolhida de sentires coletados nas experiências cotidianas das participantes e, a partir daí, desencadear intercessões que potencializassem a nossa produção científica.


Aprendizados
Os desafios do processo vieram pelos movimentos que desencadeamos internamente no sentido de validar que as vivências traumáticas eram frutos de violências de gênero reproduzidas nos espaços acadêmicos. A partir daí, reconhecer que este tema tem relevância científica e buscar outras autorias com quem pudéssemos dialogar sobre; por fim, investir no cuidado em saúde mental ao mesmo tempo em que aprendíamos com o delicado e doloroso processo de ruptura com os paradigmas vigentes.


Análise Crítica
A aposta coletiva segue sendo de que não basta reconhecer os desafios superados por nós mulheres para chegarmos a um lugar ocupado historicamente por homens: é preciso superar práticas de silenciamento machistas e opressoras presentes também no interior da pós-graduação a partir especialmente do fortalecimento de grupos de mulheres.