02/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC26.2 - Tornar-se mulheres e mães em contextos de situação de rua: quais os reais dilemas? |
47382 - À MARGEM DA INTEGRALIDADE: INVISIBILIDADES SOBRE O CUIDADO A MULHERES GESTANTES EM SITUAÇÃO DE RUA RAÍNE NAZARETH DA SILVA CARVALHO - IFF/FIOCRUZ
Apresentação/Introdução As questões relacionadas à saúde da população em situação de rua têm se tornado mais explícitas com o aumento significativo deste contingente nos últimos anos, principalmente após a pandemia de Covid-19. Apesar disso, há uma trajetória de violações na construção sócio-histórica no Brasil que carregam consigo particularidades que se refletem até hoje na formação deste grupo e também nas formas de atenção às suas demandas. Compondo uma menor parte dele, as mulheres em situação de rua vivenciam experiências atravessadas tanto pela utilização do espaço público para reprodução da vida dita privada, quanto pelas estruturas de poder que as expõem às mais diversas formas de violências. O que ocorre também por parte de agentes que deveriam promover o cuidado. A relação criada entre mulheres em situação de rua e profissionais da saúde é, por muitas vezes, permeada pela tensão pois, ao promoverem a assistência às gestantes, esta se dá pensando somente no bem-estar do bebê, deixando de lado questões fundamentais para um cuidado integral.
Objetivos Discutir as contradições na coexistência da visibilidade da mulher gestante em situação de rua por sua condição, ao tempo que é também invisibilizada pelo cuidado se centrar no bebê e na saúde física, em detrimento da integralidade e bem de ambos.
Metodologia Pesquisa qualitativa cujo método consistiu em pesquisa bibliográfica nas bases de dados de produções no campo da saúde (BVS), além de outras produções que versam sobre o tema. Foi realizada também pesquisa documental sobre as normativas referentes aos direitos à saúde de gestantes.
Resultados e discussão O desgaste na relação de assistência à saúde das mulheres em situação de rua faz com que, no período da gestação, estas acabem por se afastarem dos serviços de saúde. Há uma resistência pela atenção ao pré-natal vir acompanhada também por julgamentos e exposição de sua situação, assim, a aproximação de profissionais pode ser vista como uma possível violação de direitos futuramente, ao adentrarem na maternidade. Isso explicita como ainda há um distanciamento sobre pensar um cuidado integral que envolva mãe e bebê e fortaleça os vínculos entre gestantes em situação de rua e os profissionais que as assistem.
Conclusões/Considerações finais Mulheres gestantes em situação de rua transitam entre o visível e o invisível. A gestação traz sobre elas uma atenção e um maior cuidado, ao mesmo tempo que é motivo de tensão, pois é nessa relação que também são criminalizadas por sua condição, sem que esta seja vista como mais um motivo de cuidado em outros aspectos. Além disso, é fundamental que o pré-natal envolva a rede de políticas públicas, aumentando as chances de preservar ou melhorar as condições de saúde das mulheres gestantes em situação de rua.
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