Comunicação Oral Curta

02/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC22.1 - Midias digitais: ativismos e empoderamento em saúde

48029 - EMPODERAMENTO EM SAÚDE DAS POPULAÇÕES DE AGLOMERADOS SUBNORMAIS POR MEIO DAS MÍDIAS SOCIAIS DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19
MELBA SANTIAGO MENEZES - UPE, ALDA MARIA JUSTO - UPE


Apresentação/Introdução
Nas áreas de promoção à saúde, as mídias sociais são ferramentas estratégicas para proporcionar bem-estar e viabilizar mais qualidade à vida dos cidadãos. Isto porque o acesso à informação poderá propiciar a criação de hábitos saudáveis, por meio das atividades de prevenção de agravos à saúde. Na educação em saúde, são estratégias que disponibilizam informações para a compreensão do processo saúde-doença, sobretudo na prevenção de fatores de risco em nível individual e coletivo. Dessa forma, elas vêm promovendo repetidas transformações na educação em saúde. A grande maioria das pessoas que acessam os serviços de saúde é formada por afrodescendentes residentes em aglomerados subnormais nas periferias das grandes cidades. Essas pessoas não têm acesso seguro à água para higienização nem possibilidade de distanciamento, permeadas pela desinformação sobre as medidas eficazes de controle. O empoderamento social por meio das mídias sociais representa uma alternativa que influencia a legitimação e voz dos grupos, estabelecendo o autocuidado, a melhoria da qualidade de vida e a definição da autonomia nas decisões e práticas do cotidiano

Objetivos
Mapear a contribuição das ações em saúde nas mídias sociais para o empoderamento da população e a prevenção da COVID-19 nos aglomerados subnormais.

Metodologia
Foi realizado um estudo transversal de abordagem quali/quantitativa. A população de referência foram os usuários de quatro Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Petrolina, duas da zona rural e duas da zona urbana em proximidades de aglomerados subnormais. Os dados foram coletados entre dezembro de 2021 e março de 2022, tendo como critérios de inclusão pessoas com 18 anos ou mais de idade que tivessem acesso a alguma tecnologia de informação e comunicação, e de exclusão individual portador de alguma limitação cognitiva que impedisse de responder às perguntas. Para tanto foi aplicado um questionário estruturado pelos próprios autores e tabulados por meio do Microsoft Office Excel® 2016. Posteriormente realizou-se as análises descritivas e de associação entre as variáveis.


Resultados e discussão
As mídias sociais foram essenciais para a popularização das medidas de prevenção da contaminação pelo Sars CoV-2 e para a promoção da saúde em nível populacional sendo relevante investigar o cenário epidemiológico-sanitário nos aglomerados subnormais. Mesmo que a quantidade expressiva de informações tenha sido proveniente de fontes oficiais para as duas populações, deve-se atentar para o quantitativo de informações sem base científica disseminadas na zona urbana. O uso das mídias sociais na região teve que considerar além dos aspectos culturais, a transparência, a compreensão e o empoderamento das pessoas. Algumas dessas abordagens envolvem a participação de profissionais de saúde como agentes interventores, intervenção essa constatada nesse estudo quando os indivíduos eram questionados sobre as fontes. Este empoderamento, se constitui no processo social não se tratando da natureza individual, nesse contexto, entende-se que o empoderamento não se dá a transferência de poder e de informações em nome de um bem comum, mas sim a partir da ação dialogal imprescindível para a transformação social. Tal conceito converge para o que foi constatado neste estudo onde as informações além de terem auxiliado em seu processo de saúde-doença, possibilitaram ajudar outras pessoas com aquilo que foi aprendido. Embora esse processo de empoderamento se faça presente, combater a epidemia de notícias falsas, especialmente aquelas que afetam as medidas de prevenção, envolve questões estruturais que ultrapassam as fragilidades do uso das TIC e a atividade criminosa de desinformação (FREIRE, 2021). Ainda que de forma não tão expressiva, é preocupante o número de indivíduos da zona rural que não acreditam nas medidas de prevenção da COVI-19. Essa situação chama atenção, visto que as mídias sociais se fizeram presentes em grande parte das respostas e a internet é uma fonte importante para a busca de informações sobre as medidas de prevenção da COVID-19 no cenário nacional. Portanto, a educação em saúde é a principal forma de minimizar a infodemia e orientar as pessoas a verificar a fonte e a veracidade da informação antes de compartilhá-la ou usá-la para influenciar outras pessoas (GARCIA; DUARTE, 2020).


Conclusões/Considerações finais
É evidente a necessidade de uma comunicação direta e efetiva entre cientistas, governos e sociedade para dissipar suposições errôneas. Embora o papel instituições científicas seja importante para a disseminação da ciência baseada em evidências, os trabalhadores de saúde precisam ocupar os espaços de diálogo para capacitar as pessoas com fatos cientificamente comprovados, considerando as características sociais da população.