46959 - PARA ELA POR ELAS: ELZA MELO E SEU LEGADO À SAÚDE DAS MULHERES
FERNANDA ALVARES ALVES LEITE - UFMG, CLEIDE MARIA DE OLIVEIRA SCARPELLI - UFMG, JANAINA BASTOS DOS SANTOS - UFMG, MARIA INEZ PEREIRA - UFMG, LUCINEIA PERIARD LOPES FERREIRA - UFMG, AMANDA MÁRCIA DOS SANTOS REINALDO - UFMG
Contextualização
A Rede Para Elas viabiliza a articulação horizontal e participativa da universidade, serviços, movimentos sociais, pessoas, propiciando conhecimento teórico/prático e estratégias de prevenção e enfrentamento das violências. Os impactos do projeto na promoção da saúde das mulheres apontam para as possibilidades de emancipação, fortalecimento, empoderamento, e sentimento de pertencimento.
Descrição
Relato de experiência sobre o legado da Professora Elza Machado de Melo construído por mulheres que participaram de sua trajetória em defesa da mulher.
Período de Realização
O projeto ‘Para Elas, Por Elas, Por Eles, Por Nós’ foi criado em 2013 e está vigente até o momento.
Objetivos
O objetivo do trabalho é compartilhar o legado deixado por uma mulher, pesquisadora, mãe, professora e militante dos direitos das mulheres. A professora Elza Machado de Melo (in memoriam), Doutora em Medicina Preventiva e Mestre em Ciências Políticas, docente da Faculdade de Medicina da UFMG.
Resultados
A professora Elza Machado de Melo (in memoriam), Doutora em Medicina Preventiva e Mestre em Ciências Políticas, docente da Faculdade de Medicina da UFMG, coordenou a criação do Núcleo de Promoção da Saúde e Paz, e a partir do Núcleo a Rede Saúde e Paz, em articulação com vários parceiros, incluindo o Ministério da Saúde e a Organização Panamericana de Saúde. Criou o Programa de Transferência de Tecnologia da Abordagem da violência e Construção da Cultura da Paz voltado para capacitação de gestores e profissionais do Estado de Minas Gerais. Desse processo de reflexões e práticas nasceu o Mestrado Profissional em Promoção da Saúde e Prevenção da Violência da Faculdade de Medicina da UFMG, em 2011. O ‘Para Elas, Por Elas, Por Eles, Por Nós’, carro chefe de suas ações, nasceu no Seminário Nacional ‘Para Elas’, ocorrido em Belo Horizonte, em 2013, com o propósito de criar estratégias e ações que ressignificassem as relações violentas que são impostas à mulher.
Fiel ao trabalho coletivo, para além de suas ações técnico científicas, buscou-se a sustentabilidade do Programa Para Elas, com a criação do Ambulatório de Acolhimento à Mulher em Situação de Violência Jenny A. Faria (HC/UFMG), em parceria com a Secretaria de Segurança Pública, além da criação de: Bloco de Carnaval Para Elas/Por Eles; Oficina do Tambor; ‘Para Elas’ no Parque Municipal; campanha de reciclagem e doação das bijuterias para geração de renda, em parceria com a Secretaria do Estado de Defesa Social de Minas Gerais.
A integralidade do cuidado individual foi contemplada no acolhimento por equipe multiprofissional, com Práticas Integrativas Complementares (PICs), rodas de conversa, e oficinas. A expansão do Projeto Para Elas alcançou outros coletivos, e expandiu a Roda de Conversa para o ‘Para Elas à Distância’ nos anos de isolamento social da pandemia. Mantendo a práxis da autonomia, o coletivo de cada bairro solicitou cursos de capacitação e qualificação para geração de renda das mulheres participantes, e assim foram criados o curso de corte/costura, de gastronomia, e de confecção de Bijuterias.
A pedagogia Freiriana influencia as ações do Para Elas. Na visão de Freire, a leitura da palavra deve preceder a leitura do mundo. Essa é uma premissa importante nas dinâmicas de rodas de conversas e oficinas, propondo uma comunicação longitudinal (FREIRE, 1980). Expressão dessa influência se encontra na oficina de teatro, que propõe uma linguagem humana por excelência, inspirada na Pedagogia do Teatro do Oprimido. De uma cena improvisada se desenrolou uma discussão sobre os ataques à democracia, e dali nasce o Grupo de Teatro "Mariele Vive".
Aprendizados
As conquistas da professora Elza e seus sonhos que viraram realidade na vida das pessoas, focaram na promoção da saúde e na prevenção das violências, na celebração da diversidade e da equidade de direitos, gerando vida, alegria e PAZ! Ela agregava, e enxergava dentro do outro e do mundo o que eles tinham de melhor.
Análise Crítica
A Prof Elza defendia que a violência contra as mulheres constitui um grande problema para a humanidade. Por isso a necessidade de capacitar equipes para efetivamente comporem a rede de enfrentamento e reduzir seus impactos. Seus ideais e valores estão vivos em nossos ideais, de promover e prevenir a violência no âmbito de saúde coletiva. É desejo nosso que esse modelo baseado na cultura da Paz possa se expandir para outros municípios e regiões. Seu exemplo em vida, nos impulsiona a levar adiante essa conquista na saúde pública, em defesa da promoção da saúde, e o desejo de mudança na saúde de mulheres e de grupos vulneráveis. Apresentamos aqui, mesmo que sucintamente, sonhos, feitos e legado da professora Elza Melo, exemplo de força e esperança. Uma mulher que tão cedo nos deixou, mas nos ensinou a levantar outras mulheres com a sua sensibilidade e dedicação à causa feminina.
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