Comunicação Oral Curta

02/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC13.2 - Extensão na perspectiva decolonial

46463 - EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA E A CONSTRUÇÃO DE UMA NOVA GEOPOLÍTICA DO CONHECIMENTO
ANDREA OLIVEIRA DA SILVA - PUC-RIO, NILZA ROGÉRIA DE ANDRADE NUNES - PUC-RIO, LAÍS MARTINS COSTA ARAUJO - PUC-RIO


Apresentação/Introdução
Decorrente de uma dissertação de mestrado, este estudo busca compreender quais contribuições a extensão universitária pode oferecer à formação profissional alicerçada na formação humana, crítica e autônoma. Nesse sentido, a extensão, que envolve a interação entre a academia e a comunidade na busca do diálogo e da participação ativa de todos os envolvidos no processo, a promoção da troca de saberes e estímulo à construção coletiva do conhecimento, concorre para o enfrentamento de diferentes demandas sociais e acadêmicas advindas da relação comunidade-universidade e impulsiona a necessidade de inovação e rompimento com estruturas tradicionais ainda existentes no ensino superior brasileiro.

Objetivos
Analisar como as universidades comunitárias católicas compreendem a extensão em seu compromisso com a sociedade, bem como os desafios enfrentados para inserção dessas atividades como componente curricular dos cursos de graduação.
Objetivos específicos: Identificar o papel da extensão como responsabilidade social da universidade na sociedade;
Verificar a contribuição da extensão no processo formativo de alunos numa perspectiva crítica e de justiça social.


Metodologia
Pesquisa nacional, com recorte regional, realizada em 2021, período pandêmico, com seis universidades comunitárias católicas, sendo 02 representantes da região Sul e 02 da Sudeste, 01 da Nordeste e 01 da Centro-Oeste. Por não possuir universidade comunitária na região norte do Brasil, esta não foi representada. Conduzida por abordagem qualitativa, utilizando o método da triangulação e análise de conteúdo como suporte metodológico. Foram realizadas 17 entrevistas semiestruturadas, individualizadas, via plataforma virtual, com a participação de gestores, alunos e professores. Alicerçada numa perspectiva crítica e reflexões apresentadas, como opção de caminho analítico, a partir dos conceitos apresentados por Paulo FREIRE; Mª das Dores P. NOGUEIRA; Adolfo CALDERÓN; Aldo VANNUCCHI; Sandra de DEUS; Aníbal QUIJANO entre outros.

Resultados e discussão
Os resultados obtidos indicam que, mesmo que a extensão contribua para uma formação mais integrada e comprometida com as demandas sociais, superar os desafios enfrentados para a sua institucionalização requerer um esforço conjunto das universidades, dos docentes, dos estudantes e da comunidade. Dos resultados também se depreende que nessas universidades a extensão é compreendida como uma questão identitária, manifestando-se como a razão de existir. Gestores compreendem que, desde que as demandas sejam aderentes a missão institucional, a extensão deve atender indistintamente a todos os setores da sociedade. Destacam que ‘fazer’ extensão não tem sido algo simples, sendo necessário ajustes de registro, controle, monitoramento, entre outras adaptações para gerar inteligência e capitanear melhor as demandas advindas para adequar a curricularização. Entendem que nessas universidades a dificuldade é identificar a diferença entre uma atividade assistencial e uma extensionista. Para professores a extensão é compreendida como metodologia participativa de aprendizagem que tira o ensino do campo do cognitivo. É forma de interação dialógica e construção de conhecimento que junto com o ensino e a pesquisa potencializa essa construção. Os discentes, por sua vez, se veem como protagonistas e aprendizes, ainda que ao ingressarem desconheçam o que é extensão e sua importância. De alguma forma os sentidos e significados que se expressam nas falas dos entrevistados nos remete a um consenso sobre o significado de extensão, que em articulação permanente com o ensino e a pesquisa, é compreendida como atividade curricular e processo interdisciplinar, político educacional, cultural, científico e tecnológico que promove a interação transformadora entre universidade e sociedade.

Conclusões/Considerações finais
A curricularização apresenta desafios incluindo a resistência institucional, que muitas vezes possuem estruturas rígidas e tradicionais, o pouco investimento na formação dos professores para atuarem de forma efetiva nessa modalidade, a articulação entre teoria e prática para o desenvolvimento de uma formação mais integrada e contextualizada, a avaliação e o reconhecimento que valorizam o engajamento dos alunos e a qualidade das ações de desenvolvimento e, finalmente, a sustentabilidade financeira, mas sem comprometer a qualidade e a identidade das mesmas. No entanto, ainda se faz necessário um esforço significativo por parte dos atores envolvidos para que ela seja reconhecida em seu verdadeiro valor acadêmico, tanto dentro quanto fora dos muros universitários, o que requer esforço na implantação, implementação e consolidação dessa política como parte fundamental da missão das universidades comunitárias. Assim, será possível fortalecer o compromisso das instituições com a sociedade e contribuir para a construção de uma educação mais inclusiva, democrática e transformadora.