47573 - AMBIENTES RESTAURADORES (AR) COMO RECURSO PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL (SM): A EXPERIÊNCIA DO VIDA NO CAMPUS- IPS/UFF ANA PAULA LOPES DOS SANTOS - INSTITUTO DE PSICOLOGIA/ UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, LIORNO WERNECK - INSTITUTO DE PSICOLOGIA/ UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, PAULO HERDY-FILHO - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, GIOVANNA ROQUE - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, ARYANNE SIQUEIRA - INSTITUTO DE PSICOLOGIA/ UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, LETÍCIA RODRIGUES - INSTITUTO DE PSICOLOGIA/ UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
Contextualização Os ambientes restauradores são aqueles que proporcionam experiências de restauração fisiológica e psíquica. Pesquisas recentes revelam a recuperação psicofisiológica do estresse, restauração da atenção e redução da fadiga mental, no contato com tais ambientes. Pelos benefícios biopsicossociais, o “Banho de Floresta” (Shirin-Yoko), foi incluído como política pública, no Japão. Consideramos a importância da interação humana com a natureza, para a promoção da saúde e a potência do fazer coletivo.
Descrição O Programa de Extensão Vida no Campus, do Instituto de Psicologia, da Universidade Federal Fluminense (Vida no Campus, IPSi-UFF) desenvolve ações socio-humano-ambientais, para a promoção da saúde e qualidade de vida, da comunidade acadêmica e do entorno. Através das parcerias com o Serviço de Psicologia Aplicada (SPA, IPSi-UFF) e o Centro de Atenção Psicossocial (CAPs Casa do Largo, Niterói-RJ). A experiência inicia com seleção e encaminhamento, por profissional das instituições parceiras, das pessoas com interesse em atividades de jardinagem e cuidados ambientais. No campus do Gragoatá, as pessoas são acolhidas pela equipe do Vida no Campus-UFF, composta por professores, técnicos-administrativos, estudantes de graduação de Psicologia, Geografia e voluntários. Com a apresentação dos participantes e atividades, seguimos uma trilha nas áreas verdes do campus. Confirmado o interesse, a pessoa passa a atuar na equipe, semanalmente.
Período de Realização Março de 2022 a junho de 2023
Objetivos O objetivo do trabalho é relatar a experiência do Programa Vida no Campus-UFF, a partir das atividades de interação humano-ambiental, em ambientes restauradores, no campus universitário do Gragoatá, em Niterói-RJ. Aqui o conceito de Ambientes Restauradores é um recurso para o desenvolvimento das atividades de promoção da saúde, como a jardinagem terapêutica, a revitalização dos espaços verdes degradados e as trilhas ecológicas (ecotrilhas) no campus. As atividades objetivam o cuidado psicossocial e o restauro ambiental para a ampliação da autonomia, sociabilidade, cidadania e capacidade de convivência com a biodiversidade e com as pessoas.
Resultados Neste período, realizamos a ação de jardinagem terapêutica, semanalmente, às quintas-feiras (15h-17h). A atividade envolve o cuidado com o solo, o plantio de ornamentais e medicinais em vasos, a recuperação de áreas verdes degradadas. Durante as atividades, estimulamos a interação da equipe com os jardins, plantas, árvores e aves do campus. Assim como, com a comunidade universitária. No fim da atividade, no lanche coletivo, compartilhamos vivências, aprendizados e benefícios terapêuticos. Neste período, entre os ambientes verdes revitalizados sublinhamos o Espaço Aroeira e a Árvore do Pescador. Tais ambientes passaram a compor o circuito das trilhas ecológicas no campus do Gragoatá, por serem considerados ambientes restauradores. Por fim, realizamos convivências nas ecotrilhas e nos nossos passeios coletivos, visando ampliar a interação com as áreas verdes. Algumas ecotrilhas ocorreram na Semana Nacional do Meio Ambiente (junho de 2022 e 2023) e na Primavera de Gaia (setembro de 2022), e com o grupo de extensão Autismos, Autonomias e Afetos (junho 2023). As atividades deixam marcas singulares na equipe e no ambiente universitário. De certa forma, reduzem a sensação térmica, com o plantio e cuidado com árvores, humanizam o espaço com plantas e projetos ecológicos, ampliando a interação e a sensibilidade. Na equipe, vários relatos da melhoria da saúde com a jardinagem terapêutica, desde a expansão da capacidade cardiorrespiratória e muscular, quanto da habilidade motora no manuseio das plantas. Após as atividades de revitalização das áreas , como o Espaço Aroeira e a Árvore do pescador, muitos expressam alegria, satisfação pessoal e contentamento coletivo. Alguns, citam maior compreensão sobre o funcionamento da teia da vida (flora e fauna). Especialmente nas ecotrilhas, muitos participantes relatam conhecer um novo campus, não pelos prédios e blocos, mas pelas árvores e plantas. Alguns diziam ter encontrado nelas um refúgio para descansar e "acalmar a mente". Em todas atividades com interação humano-ambiental em áreas verdes, observamos a ampliação da rede de convivência e de contato social no território do campus. A rede de convivência estimula a comunicação, favorece a autonomia.
Aprendizados O principal aprendizado foi a constatação da imprescindível relação entre o cuidado ambiental e o cuidado psicossocial. Aprendemos que é realmente possível realizar atividades de promoção da saúde mental, através da Jardinagem terapêutica, da restauração e conservação das áreas verdes, e da convivência em trilhas ecológicas.
Análise Crítica Diferente do “Banho de Floresta”, as trilhas ecológicas no campus do gragoatá ocorrem em espaços seminaturais. Acreditamos que a experiência poderia ganhar em escala, em termos de benefícios para a saúde, quando realizada em Áreas de Proteção Ambiental.
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