46412 - CONSTRUÇÃO DE HORTAS COMUNITÁRIAS URBANAS PARA ENFRENTAMENTO DA INSEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL NO ASSENTAMENTO TERRA NOVA, EM JOÃO PESSOA/PB
MARÍLIA MEYER BREGALDA - UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, BEATRIZ ROCHA MONTEIRO - UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, THALITA ELIZIÁRIO MENEZES MATIAS - PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA E COMUNIDADE DA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE JOÃO PESSOA/PB, GABRIELLE GOMES MACIEL - UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, SÁVIO MARCELINO GOMES - UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, PRISCILA ANTÃO DOS SANTOS - CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU DE JOÃO PESSOA-PB, FLÁVIO PEREIRA DA MOTA SILVEIRA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE, FERNANDO FERREIRA DE MORAIS - UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
Contextualização
Em seus diversos estágios, da subnutrição à inanição, a fome reflete a violação da dignidade humana e do direito à alimentação, sendo resultado da injustiça social, e não da insuficiente produção de alimentos. A segurança alimentar e nutricional é a concretização do direito ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, com base em práticas alimentares sustentáveis que promovam saúde e respeitem a diversidade cultural, devendo ser assegurada, pelo Estado, a todos que habitam o território brasileiro. Em abril de 2021, 60% de nossa população vivenciava algum nível de insegurança alimentar, sendo os domicílios com crianças de até 4 anos os mais afetados. A criação de estratégias de enfrentamento da fome é de responsabilidade de toda a sociedade, tendo as universidades públicas o dever de propor ações sustentáveis, em articulação com o poder público e a sociedade civil.
Descrição
O projeto de extensão “A inaceitável fome: ações de enfrentamento da insegurança alimentar na comunidade do Alto do Céu”, possui como principal objetivo a criação de estratégias comunitárias e sustentáveis de enfrentamento da fome, por meio da construção de hortas comunitárias e quintais produtivos no Assentamento Terra Nova, localizado no bairro Alto do Céu, em João Pessoa/PB, em articulação com o Centro de Referência de Assistência Social de Mandacaru, a Unidade de Saúde da Família Alto do Céu Integrado e, em especial, com as lideranças comunitárias do assentamento. Essa comunidade é composta de 140 famílias, totalizando aproximadamente 560 moradores. Uma das ações centrais do projeto são as idas semanais ao assentamento para reuniões com as lideranças comunitárias e criação de hortas comunitárias e quintais produtivos. A sua equipe de execução é constituída por docentes e discentes dos cursos de Terapia Ocupacional e Nutrição da Universidade Federal da Paraíba e colaboradoras externas dos serviços acima mencionados e do curso de Nutrição do Centro Universitário Maurício de Nassau, contando com apoio de docentes e laboratórios de outros cursos desta e de outras instituições de ensino superior.
Período de Realização
O projeto vem sendo desenvolvido desde agosto de 2022.
Objetivos
Este relato tem como objetivo apresentar a experiência dos três mutirões realizados para a construção da primeira horta comunitária no assentamento.
Resultados
O primeiro mutirão ocorreu no dia 05 de abril de 2023 e contou com a participação de 19 pessoas. O terreno para a horta foi cedido por um líder comunitário e os insumos e materiais foram custeados com recursos levantados em campanha de financiamento coletivo. As mudas foram cedidas pela Rede BioFORT, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que cedeu também o técnico agrícola que contribuiu com a condução do plantio, integrando os conhecimentos que a comunidade já possuía. Foram cultivadas variedades biofortificadas de abóbora, batata-doce e mandioca, que passaram por um processo tradicional de enriquecimento nutricional para terem níveis mais elevados de betacarotenos, um precursor importante da vitamina A. O segundo mutirão aconteceu no dia 07 de junho de 2023, com fornecimento das mudas pelo Laboratório de Botânica Aplicada à Agroecologia, da Universidade Federal da Paraíba, que teve participação de 10 pessoas e contou com a capacitação e condução do docente coordenador do laboratório. Foram plantadas espécies tradicionais, como pimentão, couve, manjericão, berinjela e jiló, sendo outras mudas destas mesmas espécies, que ainda não estavam no tempo de plantar, deixadas na comunidade para plantio em momento oportuno. No dia 17 de junho de 2023, foi realizado o terceiro mutirão, organizado integralmente pelas lideranças comunitárias do assentamento, no qual várias crianças da comunidade fizeram o plantio das mudas restantes.
Aprendizados
Vem sendo perceptível a ampliação do protagonismo e da mobilização dos moradores do assentamento para a criação de estratégias comunitárias e sustentáveis de enfrentamento da fome e de outras violações de direitos por eles vivenciadas, o que faz parte de uma história de luta pela terra e por melhores condições de vida, construída há oito anos pelos moradores assentados. O projeto tem oportunizado, à equipe executora, a vivência de experiências significativas no processo compartilhado de compreensão da realidade do território e de criação de estratégias de enfrentamento da fome, bem como a vivência da extensão universitária como ferramenta de transformação da realidade social.
Análise Crítica
Pretende-se que o cultivo e a distribuição dos alimentos produzidos contribuam para a redução da insegurança alimentar da população assentada, ampliando o acesso a alimentos nutricionalmente adequados. Os princípios da extensão universitária de caráter popular também vêm se concretizando nas ações do projeto, que têm primado pela valorização dos repertórios e conhecimentos da comunidade no planejamento e na execução das ações.
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