01/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO7.1 - Comunicação, (In)visibilidade e (De)colononialidade |
47173 - INVISIBILIDADE, PETRÓLEO E PANDEMIA: COMUNICAÇÃO POPULAR COMO ESTRATÉGIA DE RESISTÊNCIA E FORTALECIMENTO TERRITORIAL THAYNÃ KAREN DOS SANTOS LIRA - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES, FIOCRUZ PERNAMBUCO/UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE), ROSELY FABRÍCIA DE MELO ARANTES - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES, FIOCRUZ PERNAMBUCO, MARIANA MACIEL NEPOMUCENO - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES, FIOCRUZ PERNAMBUCO/ FACULDADE PERNAMBUCANA DE SAÚDE (FPS), JOSÉ ERIVALDO GONÇALVES - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES, FIOCRUZ PERNAMBUCO, EGEVAL PEREIRA DA PAZ NETO - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES, FIOCRUZ PERNAMBUCO/UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (UPE), MARIANA GURBINDO FLORES - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES, FIOCRUZ PERNAMBUCO, MARIANA OLÍVIA SANTANA DOS SANTOS - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES, FIOCRUZ PERNAMBUCO, IDÊ GOMES DANTAS GURGEL - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES, FIOCRUZ PERNAMBUCO
Apresentação/Introdução Em 30 de agosto de 2019, o desastre-crime do petróleo atingiu cerca de 130 municípios e 1009 localidades brasileiras, afetando gravemente os processos socioambientais e de saúde das populações dos territórios atingidos. A mídia local priorizou as vozes institucionais e especializadas ao mesmo tempo em que invisibilizou e silenciou as comunidades da pesca artesanal atingidas diretamente pelo derramamento de petróleo. No ano seguinte, a pandemia da Covid-19 potencializou os processos da invisibilização e das vulnerabilidades socioambientais agravadas nos territórios atingidos pelo desastre-crime.
Este relato aborda sobre o curso livre Comunicação Comunitária para Territórios Saudáveis e Sustentáveis desenvolvido junto às lideranças comunitárias do Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca, litoral de Pernambuco, territórios impactados pelo desastre-crime do petróleo e amplificados pela pandemia da Covid-19. Tendo como eixo principal o reconhecimento da comunicação e da saúde enquanto direitos humanos, essa formação buscou estimular a discussão crítica sobre o processo de comunicação popular e comunitária voltado para a promoção de Territórios Saudáveis e Sustentáveis (TSS), na perspectiva do fortalecimento da organização popular e a militância dos sujeitos para superação das vulnerabilidades socioambientais e de saúde.
A partir de oficinas e vivências práticas dos conteúdos discutidos estimulou-se o desenvolvimento de estratégias com vistas ao fortalecimento das organizações populares, bem como a atuação/militância dos sujeitos para superação das vulnerabilidades socioambientais e de saúde, tal como o incentivo a apropriação dos meios de comunicação em prol dos interesses dessas mesmas comunidades, mediante comunicação feita por eles e para eles.
Objetivos Apresentar a experiência da formação em comunicação comunitária com lideranças do movimento da pesca artesanal em territórios atingidos pelo desastre-crime do derrame do petróleo em Pernambuco e pandemia do covid-19.
Metodologia Assume-se como perspectivas teórico-metodológicas a educação popular e a pedagogia da alternância (com momentos de tempo aula e tempo comunidade), a comunicação popular e a comunitária. Desenvolvido de forma presencial (carga horária de 92 horas distribuídas em 12 módulos) a formação contou com atividades teóricas e práticas, que buscou impulsionar a produção de tecnologias de saúde, utilizando das ferramentas da comunicação digital e analógica. De forma que a população difundisse suas histórias, a partir das próprias narrativas, e contribuísse para o fortalecimento das organizações e comunidades nas buscas pela efetivação dos diversos direitos humanos e sociais.
Resultados e discussão As lideranças comunitárias relataram que a formação possibilitou o desenvolvimento da prática da análise dos conteúdos para além do aprendizado das estratégias comunicativas, conhecimento que potencializa a ação da vigilância popular em saúde nas respectivas comunidades. Da mesma forma, perceberam a necessidade da continuidade de formações que qualifiquem a incidência política no território da pesca artesanal e contribuir para a superação da invisibilidade submetida pelo Estado e pelos grandes veículos de comunicação.
Conclusões/Considerações finais As comunidades pesqueiras são historicamente afetadas pelo modelo capitalista de sociedade que invisibiliza e silencia os sujeitos ditos periféricos. Construir e divulgar outras narrativas que deem vozes às comunidades tem sido uma necessidade urgente nos contextos dos desastres e emergências de saúde pública. Dessa forma, faz-se necessário que processos formativos que considerem os diversos saberes, e tendo como base uma vigilância territorial, popular e participativa, sejam estimulados e desenvolvidos. A comunicação comunitária em saúde se apresenta como estratégia para potencializar o lugar de fala desses sujeitos, o fortalecimento das comunidades e das organizações na perspectiva do desenvolvimento da vigilância popular em saúde e dos TSS.
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